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06/04/2004
-
17h03
LEONARDO MEDEIROS
da Folha Online
As restrições impostas a inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) de inspecionar detalhes do programa de enriquecimento de urânio podem colocar o Brasil novamente na lista de países suspeitos de produzir bombas atômicas. Esta é a opinião do secretário do Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg.
"Este contencioso [com os Estados Unidos] existia há 12 anos, quando o Brasil estava na lista de suspeitos como a Líbia, o Irã, a Coréia do Norte e o Iraque", afirma.
Segundo Goldemberg, que foi ministro da Ciência e Tecnologia no governo Collor (1990-92), o país conseguiu esclarecer a situação e sair da lista de suspeitos dos Estados Unidos. "Essa discussão vai acabar colocando o Brasil novamente na lista", acredita.
Como professor da USP (Universidade de São Paulo), Goldemberg pesquisou física nuclear. Para ele, o argumento de que a AIEA e as grandes potências estão tentando se apossar da tecnologia brasileira de enriquecimento de urânio "parece uma tese pretensiosa".
"É verdade que o Brasil desenvolveu a tecnologia sozinho e deve ser elogiado. Mas isso não significa que o país a revolucionou. É uma tecnologia parecida com a que outros países usam. Então, não sei porque [os técnicos da AIEA] viriam nos espionar", disse Goldemberg.
No domingo passado(4), o jornal americano "The Washington Post" publicou reportagem, com chamada na capa, dizendo que o Brasil proibiu inspetores da ONU de examinar a instalação de enriquecimento de urânio que está em construção em Resende (a 161 km do Rio).
A reportagem causou indignação no governo brasileiro. Em nota divulgada ontem, o Itamaraty considerou "inaceitáveis, por serem desprovidas de fundamento, tentativas de estabelecer paralelos entre a situação do Brasil, que tem cumprido com rigor todas as suas obrigações, (...) e a situação de países que recentemente tenham sido levados a admitir a condução de atividades secretas ou não declaradas na área nuclear".
Os inspetores da AIEA já inspecionam o complexo de Resende (RJ), porém uma tela de proteção impede o acesso às centrífugas. Segundo Goldemberg, pelo tamanho do complexo, somente a inspeção em todos os equipamentos permitiria que os técnicos tivessem certeza de que o país não está enriquecendo urânio acima do limite permitido de 5%.
"Não é um problema de curiosidade compulsiva. É uma questão técnica. Ela [a AIEA] inspeciona para impedir a proliferação de armas nucleares", conclui.
Brasil pode voltar à lista dos EUA de suspeitos de produzir bomba atômica
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da Folha Online
As restrições impostas a inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) de inspecionar detalhes do programa de enriquecimento de urânio podem colocar o Brasil novamente na lista de países suspeitos de produzir bombas atômicas. Esta é a opinião do secretário do Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg.
"Este contencioso [com os Estados Unidos] existia há 12 anos, quando o Brasil estava na lista de suspeitos como a Líbia, o Irã, a Coréia do Norte e o Iraque", afirma.
Segundo Goldemberg, que foi ministro da Ciência e Tecnologia no governo Collor (1990-92), o país conseguiu esclarecer a situação e sair da lista de suspeitos dos Estados Unidos. "Essa discussão vai acabar colocando o Brasil novamente na lista", acredita.
Como professor da USP (Universidade de São Paulo), Goldemberg pesquisou física nuclear. Para ele, o argumento de que a AIEA e as grandes potências estão tentando se apossar da tecnologia brasileira de enriquecimento de urânio "parece uma tese pretensiosa".
"É verdade que o Brasil desenvolveu a tecnologia sozinho e deve ser elogiado. Mas isso não significa que o país a revolucionou. É uma tecnologia parecida com a que outros países usam. Então, não sei porque [os técnicos da AIEA] viriam nos espionar", disse Goldemberg.
No domingo passado(4), o jornal americano "The Washington Post" publicou reportagem, com chamada na capa, dizendo que o Brasil proibiu inspetores da ONU de examinar a instalação de enriquecimento de urânio que está em construção em Resende (a 161 km do Rio).
A reportagem causou indignação no governo brasileiro. Em nota divulgada ontem, o Itamaraty considerou "inaceitáveis, por serem desprovidas de fundamento, tentativas de estabelecer paralelos entre a situação do Brasil, que tem cumprido com rigor todas as suas obrigações, (...) e a situação de países que recentemente tenham sido levados a admitir a condução de atividades secretas ou não declaradas na área nuclear".
Os inspetores da AIEA já inspecionam o complexo de Resende (RJ), porém uma tela de proteção impede o acesso às centrífugas. Segundo Goldemberg, pelo tamanho do complexo, somente a inspeção em todos os equipamentos permitiria que os técnicos tivessem certeza de que o país não está enriquecendo urânio acima do limite permitido de 5%.
"Não é um problema de curiosidade compulsiva. É uma questão técnica. Ela [a AIEA] inspeciona para impedir a proliferação de armas nucleares", conclui.
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