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21/11/2000 - 08h37

EUA sofrem pressão na conferência de Haia

MARCELO TEIXEIRA
especial para a Folha, de Haia

A segunda semana de negociações da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança no Clima, que acontece em Haia (Holanda), começou com críticas aos EUA e aumento da pressão sobre os países industrializados para a ratificação do Protocolo de Kyoto.

O protocolo fixa metas para reduções, pelos países desenvolvidos, das emissões de gases do efeito estufa. O gás carbônico (CO2) representa quase 85% dos gases-estufa.

A crítica mais contundente aos EUA partiu do presidente da França, Jacques Chirac, que discursou na sessão plenária inaugural da chamada reunião de alto nível (que conta com a participação dos ministros dos países).

"Os EUA produzem um quarto do total de emissões da Terra. Cada cidadão norte-americano emite o triplo de um cidadão francês. Eu conclamo os EUA a deixarem de lado suas dúvidas e hesitações para se juntar a outros países industrializados na busca por uma economia mais eficiente do ponto de vista energético", disse Chirac.

"Chegou a hora de agir. Devemos conter as emissões de gases do efeito estufa para preservar o planeta para as gerações futuras."

Além dos EUA, países como o Japão, a Austrália e o Canadá, que fazem parte com os norte-americanos do chamado grupo Umbrella (em inglês, "guarda-chuva"), são acusados por organizações não-governamentais como o Greenpeace de colocar barreiras à ratificação do protocolo.

Chirac e Wim Kok, primeiro-ministro holandês, defenderam em seus discursos que o protocolo seja ratificado no prazo máximo de dois anos, para que entre em vigor em 2002.

A reação dos EUA veio mais tarde, em uma entrevista coletiva do subsecretário de Estado para Assuntos Globais, Frank Loy.

"Nós entendemos totalmente, e isso não é segredo, que os EUA são o maior produtor de gás carbônico. E também concordamos que não somos, frequentemente, tão eficientes no uso de energia. Mas devo dizer que estamos fazendo muito para alterar esse cenário e, francamente, o presidente Chirac não sabe disso", disse Loy.

"E quero dizer uma coisa a mais. Eu não acho que é útil tentar determinar quem é o mais limpo entre nós. O importante aqui é ter a atitude e o espírito de cooperação para levar essa discussão a uma conclusão satisfatória."

Uma das questões que têm dividido os Estados Unidos (com os países do grupo Umbrella) e a União Européia é a dos sumidouros de carbono (áreas com vegetação responsáveis por "sugar" CO2 da atmosfera).

Os EUA querem "debitar" de suas metas de redução de emissão de gases os volumes de CO2 que o país retira da atmosfera com suas florestas e campos agrícolas.

A União Européia é contra a idéia, porque esses créditos poderão significar, ao invés de redução, aumento das emissões. No momento, as partes tentam negociar pelo menos limites para os créditos com os sumidouros.

O representante brasileiro na conferência, que prossegue até sexta-feira, o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, estará no centro dessa polêmica. Ele foi indicado para coordenar o grupo que discutirá a questão dos sumidouros.
 

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