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03/05/2004 - 08h35

Dois cometas desfilam no céu neste mês

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RONALDO ROGÉRIO DE FREITAS MOURÃO
especial para a Folha

Neste mês, dois brilhantes cometas --descobertos pelos projetos Neat e Linear-- estarão visíveis simultaneamente no céu vespertino. A última vez que essa rara coincidência ocorreu foi em meados de outubro de 1911.

Naquela ocasião, o cometa Brooks e o cometa Beljawsky apareceram ao mesmo tempo. O Beljawsky foi o mais brilhante, tendo alcançado a primeira magnitude, e o Brooks, a segunda (quanto maior a ordem de magnitude, mais discreto é o astro), mas com uma cauda duas vezes maior.

Agora, 93 anos depois, dois cometas serão observados ao mesmo tempo, nos crepúsculos entre os dias 17 e 20. Um dos cometas, C/2002T7, foi descoberto em 14 de outubro de 2002 pelo sistema Linear (Lincoln Near-Earth Asteroid Research, ou Pesquisa Lincoln de Asteróides Próximos à Terra), que usa um par de telescópios de um metro de abertura no Novo México (EUA).

No momento da descoberta, ele foi visto como um objeto de aspecto cometário de magnitude 17,5. Imagens obtidas no observatório do monte Hopkins, em 29 de outubro, mostraram um objeto ligeiramente difuso.

Com base nas primeiras observações, Daniel W. E. Green calculou uma órbita parabólica preliminar, segundo a qual, na passagem pelo periélio (momento de máxima aproximação do Sol), em 23 de abril de 2004, o cometa alcançaria uma distância da estrela de 0,61523 UA (1 UA, ou unidade astronômica, equivale à distância Terra-Sol, cerca de 149,5 milhões de quilômetros). Mais tarde, com 212 observações, calculou-se nova órbita, e a distância mínima do Sol foi estimada em 0,614454 UA.

Segundo astro

O outro cometa, C/2001Q4, foi descoberto em 24 de agosto de 2001, com o telescópio Schmidt de 1,2 metro do monte Palomar (EUA), durante o programa Neat (Near Earth Asteroid Tracking, ou Rastreamento de Asteróides Próximos à Terra), que usa telescópios em observatórios no monte Palomar e no Havaí.

Os astrônomos S.H. Pravdo, E.F. Helin e K.J. Lawrence, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, detectaram o cometa em suas imagens no dia 24 de agosto. Só anunciaram a descoberta após sua confirmação, em 26 e 27 de agosto.

O cometa foi descrito como uma nebulosidade redonda de magnitude 20. O primeiro anúncio sobre o cometa foi publicado na circular da UAI (União Astronômica Internacional) nº 7695, em 28 de agosto de 2001, quando, além dos detalhes da descoberta, foi apresentada uma órbita provisória feita por Brian G. Marsden, segundo a qual o cometa passaria pelo periélio em agosto de 2005, a uma distância de 4 UA do Sol.

Em virtude do lento movimento do cometa e de sua grande distância do Sol --cerca de 11 UA -- no momento da descoberta, a órbita de Marsden se mostrou imprecisa. Em 5 de setembro, com base em 25 de observações, Kazuo Kinoshita publicou uma órbita que indicava o periélio em 23 de maio de 2004 e a distância periélica de 0,99 UA. Essa órbita sugeria que a aparição desse cometa deveria ser potencialmente muito brilhante.

Mais tarde, uma nova órbita, com base em 134 observações, determinou a passagem pelo periélio em 15 de maio e a distância ao periélio em 0,961876 UA.

Como observar

No dia 9 de maio, o cometa C/ 2002T7 estará visível pela manhã na constelação da Baleia, quando atingirá a primeira magnitude. Oito dias depois, o cometa alcançará a magnitude 0,3, quando poderá ser visto tanto ao amanhecer como ao anoitecer, na constelação de Erídano. Em 19 de maio, passará mais próximo da Terra: 40 milhões de quilômetros.

No caso do C/2001Q4, o cometa estará, de 4 a 9 de maio, entre as constelações do Cão Maior e do Unicórnio, quando deverá atingir a primeira magnitude. Nesse período, o cometa passará em seu ponto mais próximo da Terra: 48 milhões de quilômetros. Depois de passar pela constelação de Câncer, no início de junho o cometa estará penetrando a constelação da Ursa Maior, como um astro de terceira magnitude, e a partir de então será mais bem observado no hemisfério Norte.

As previsões de brilho dos cometas não são precisas como as dos eclipses. Elas são às vezes decepcionantes. De todo modo, o ideal para observá-los é ir a um sítio longe da poluição luminosa das grandes cidades.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é pesquisador-títular do Museu de Astronomia e Ciências Afins e autor de mais de 70 livros, entre eles o "Anuário de Astronomia 2004".

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