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17/05/2004 - 10h46

Cientistas retratam reação de neurônios a placebo

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da Folha Online

Pesquisadores italianos conseguiram, pela primeira vez, observar o comportamento individual de neurônios respondendo a placebos --soluções sem princípio ativo-- como se tivessem recebido uma droga verdadeira.

De acordo com artigo publicado no domingo (16) pela versão on-line da revista "New Scientist", pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Turin, na Itália, administraram uma simples solução salina em pacientes com mal de Parkinson.

Mesmo assim, os neurônios dos pacientes responderam exatamente da mesma maneira do que quando tinham recebido uma droga para aliviar os sintomas da doença.

Pesquisas anteriores já haviam mostrado que os placebos aumentam os níveis cerebrais de dopamina --um neurotransmissor benéfico.

"Foi a primeira vez que observamos a reação individual das células", disse Benedetti. "E o que nós sugerimos é que as mudanças que observamos também são induzidas pela liberação de dopamina", acrescenta.

Parkinson

Pacientes com o mal de Parkinson sofrem de falta de dopamina no cérebro. Por isso, algumas drogas que imitam a substância, como a apomorfina, aliviam os sintomas da doença, como rigidez muscular, tremores e movimentos vagarosos.

Embora não sugira métodos alternativos para o alívio dos sintomas da doença, a equipe de Benedetti demonstrou que uma simples solução salina pode ter o mesmo resultado.

Para chegar à conclusão, os cientistas primeiramente condicionaram os pacientes dando a eles três doses de apomorfina.

Depois, a equipe implantou eletrodos no núcleo subtalâmico de cada paciente. Cada um destes eletrodos carregava sensores capazes de monitorar a atividade de cerca de cem neurônios.

Durante a implantação, na qual os pacientes permaneceram acordados, os pesquisadores administraram o placebo e descobriram que isso induziu ao mesmo efeito calmante da apomorfina.

De acordo com Benedetti, não há possibilidade de que traços residuais de apomorfina tenham alterado o resultado, já que a droga tem efeito de apenas uma hora e a última dose recebida pelos pacientes tinha sido dada 24 horas antes do procedimento.

Cognição ou condicionamento

O pesquisador sugere duas possíveis explicações para os efeitos do placebo. A primeira é a hipótese cognitiva, pela qual os efeitos psicológicos são despertados pela expectativa de o paciente receber benefícios.

A segunda é a clássica resposta condicionante, descoberta em 1889 pelo psicólogo russo Ivan Pavlov, que induziu cachorros a salivar por alimentos pelo simples toque de um sino.

"O contexto em torno da terapia pode induzir a uma resposta como esta", acredita Benedetti.

O trabalho agora é investigar se as células cerebrais reagem positivamente ao placebo em pacientes com mal de Parkinson "ingênuos", isto é, que não foram condicionados primeiramente com drogas genuínas.
 

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