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24/05/2004 - 08h04

Novo gene ameaça domínio da Monsanto

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MARCUS VINICIUS MARINHO
free-lance da Folha de S.Paulo

As plantas transgênicas com resistência a herbicidas estão entre os produtos mais famosos e difundidos da biotecnologia agrícola, um campo cujo domínio mundial pertence à empresa americana Monsanto. A concorrência, no entanto, está alerta e desenvolveu um produto que pode mexer com esse mercado e acirrar ainda mais a polêmica ao redor das plantas.

Cientistas das empresas também norte-americanas Verdia, Maxygen e Pioneer Hi-Bred desenvolveram um novo gene de resistência ao glifosato, o herbicida mais utilizado nos EUA e em muitos outros países para diversos tipos de plantações, como soja e algodão. Embora seja parecido com o líder de mercado (o "Roundup Ready", da Monsanto), o novo transgênico tem maior eficiência.

A melhora na tecnologia reside, basicamente, em dois fatos apresentados na pesquisa publicada na última edição da revista "Science" (www.sciencemag.org). O primeiro é que as plantas com os novos genes agüentam até seis vezes mais herbicida; o segundo é que o glifosato se degrada ao invés de ficar depositado em alguns tecidos da planta, o que pode interferir em seu desenvolvimento reprodutivo.

O princípio do novo gene é o seguinte: ele codifica uma proteína chamada GAT, que tem capacidade de degradar o glifosato e transformá-lo em N-acetilglifosato, uma substância não deletéria para a planta. "O composto é estável e não volta a virar glifosato", diz à Folha a pesquisadora Linda Castle, 42, coordenadora do estudo na Verdia. Sua equipe tirou o gene de bactérias com capacidade natural de degradar o herbicida.

O efeito, fraco nos microorganismos, foi ampliado por um processo conhecido como evolução molecular dirigida para as plantas de tabaco e milho concebidas pela equipe, que têm então sua resistência ao herbicida melhorada.

Mas, como argumentam muitos ambientalistas, o aumento de resistência da planta ao herbicida não pode induzir os agricultores a usar mais glifosato que o normal? Não para a cientista da Verdia, pelo menos. "Isso não é nenhum incentivo para os agricultores usarem herbicida demais.
Isso custaria mais dinheiro. Eles só usam o tanto de herbicida necessário para limpar o campo", diz.

Seu produto, no entanto, ainda deve demorar a aparecer: pelas leis dos EUA, leva-se de cinco a dez anos para aprovar um transgênico para o mercado.

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