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22/11/2000 - 15h54

Amazônia está ameaçada por mercantilismo, diz conselho peruano

da France Presse
em Haia (Holanda)

A Amazônia, um ecossistema frágil que requer grandes investimentos, mas oferece em troca enormes benefícios ao meio ambiente, está ameaçada pela concepção mercantilista do Norte. A afirmação foi feita hoje pelo presidente do Conselho Nacional do Meio Ambiente peruano, Luis Campos Baca, na 6ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Haia.

O Peru é partidário de que a preservação das florestas e o reflorestamente sejam incluídos no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que está sendo negociado nesta conferência.

Entretanto, na opinião do representante peruano, para forçar mais os países desenvolvidos a assumirem este compromisso, teriam que ser estipuladas penalidades.

"Acredito que o bloco Norte não foi sensibilizado e tem um concepção mercantilista da exploração dos recursos amazônicos", afirmou Campos Baca. "Para os países em desenvolvimento, não se trata de buscar simplesmente um financiamento."

"A única forma para que este países possam competir com os industrializados é conservar nossa biodiversidade, que é nossa única vantagem comparativa. Não temos outra", afirmou o representante peruano.

"Não é industrializá-la massivamente, é saber usar os recursos dando-lhes valor, de forma sustentável, beneficiando as populações e não apenas com um critério econômico", acrescentou.

"Outra coisa é oferecer a floresta e baratear o custo da emissão do CO2 facilitando os compromissos assumidos pelos países em desenvolvimento", afirmou.

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é um das opções previstas pelo protocolo de Kioto (1997) para facilitar aos países industrializados a aplicação e financiamento de seus compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa.

O MDL permite a um país de primeiro mundo obter cotas de emissões adicionais desde que dê apoio técnico ou financeiro a um projeto de desenvolvimento "limpo" num país do terceiro mundo.

Em seu momento de crescimento, árvores e plantas tem a propriedade de absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, o que faz com que as florestas seja consideradas "sumidouros de carbono". Entretanto, emitem esse gás quando se queimam ou apodrecem.

Na opinião de Campos, as áreas de florestas tropicais exigem grandes investimentos para realmente funcionarem assim, já que este ecossistema é mais frágil.

Diferentes dos bosques boreais, mais estáveis e mais fáceis de administrar, as florestas amazônicas têm solos ácidos, em consequência da grande acumulação de musgos e folhas, que constituem componentes nutritivos e retém grandes quantidades de carbono.

Assim, as ações de gestão florestal podem contribuir para reduzir emissões de gases poluentes para os países em desenvolvimento de forma menos custosa e politicamente mais aceitáveis do que obrigar as indústrias, transportes e cidadãos a reduzir seu consumo de energia.

Entretanto, realizadas sem controle, estas ações do Norte no Sul podem representar um perigo para a biodiversidade da região. Por este motivo, países como o Brasil se opõe a inclusão de "sumidouros de carbono" no MDL.

Sem querer comentar a posição de seu grande vizinho, Campos considerou que no final, todos os países vão aceitar, até o Brasil, que tem que saber diferenciar os "pontos de abertura".
 

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