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13/08/2004 - 10h16

Camboja suspende testes em humanos com vacina contra o HIV

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da France Presse, em Phnom Penh e Johannesburgo

O primeiro-ministro de Camboja Hun Sen decidiu suspender no país um programa patrocinado pelo milionário norte-americano Bill Gates para a realização de testes em humanos com a vacina Tenofovir, contra o vírus da Aids.

O governo cambojano justificou sua decisão alegando questões de direitos humanos e os prováveis e graves efeitos colaterais da droga. A substância já é usada para tratar pacientes aidéticos, mas os pesquisadores tentam descobrir se também podem reduzir o risco da infecção do HIV entre adultos saudáveis e ativos sexualmente.

"Ele está preocupado que os testes com a droga afetem a saúde do povo cambojano e os direitos humanos", afirmou o ministro da Saúde, Nuth Sokhom.

"Nação-laboratório"

Sen afirmou que os testes devem ser realizados em animais. No início do mês, havia convocado os cambojanos a ficarem de fora do programa, pois a nação "não é um laboratório" para testar tecnologias defasadas.

Cerca de 900 prostitutas estavam cadastradas para fazer parte do programa, patrocinado em parte pela Fundação Bill e Melinda Gates, mas boicotaram a iniciativa dizendo que queriam seguro médico para possíveis efeitos colaterais da pesquisa nos próximos 40 anos.

A Rede Cambojana de Mulheres pela União, um grupo que representa mais de 5.000 prostitutas, apoiou a decisão. "Nós estamos felizes com esta determinação e não queremos tomar parte neste programa de testes, pois não há nenhuma garantia para nós", afirmou a diretora Kao Tha.

"Somos tão pobres que não teríamos dinheiro para pagar pelo tratamento se ficássemos doentes depois do teste. Estamos muito felizes com o apoio do primeiro-ministro", acrescentou.

A taxa de presença do HIV caiu de 4% para 2,6% nos últimos dois anos no Camboja, mas continua a mais alta do continente. Os pesquisadores afirmaram que não podiam pagar o seguro, e a disputa atrasou os testes por vários meses.

África do Sul

Outro grande foco da doença, a África do Sul, por sua vez, mostra-se menos preocupado com os efeitos colaterais e com intenções de testar uma vacina em adolescentes, o grupo de maior risco no país.

"No momento, acreditamos que nossa melhor aposta é a prevenção", afirmou a porta-voz da Iniciativa Sul-Africana pela Vacina da Aids (Saavi, da sigla em inglês), Michelle Galloway.

"Existe uma tendência internacional em focar a campanha nos adolescentes Os cientistas estão dizendo que em algum momento teremos que abordar os adolescentes porque eles são o maior grupo de risco."

A Saavi, criada pelo Ministério da Saúde para coordenar pesquisas de vacinas contra a Aids, realiza no momento testes com duas vacinas em candidatos sul-africanos. A estimativa para obter resultados é de dez anos.

"Não queremos acabar obtendo uma vacina que não funcione nos adolescentes, porque seu alto nível de hormônios pode interferir no funcionamento da substância", disse Galloway.

Entretanto, a porta-voz ressaltou que todos os aspectos legais serão observados para fazer os testes com adolescentes, como a autorização dos pais. "Em muitos casos, as crianças não querem que os pais saibam que eles são sexualmente ativos, o que complica a questão", explicou.

O Saavi pretende trabalhar junto com a Fundação Nelson Mandela no projeto. "Ambas organizações tem a juventude como um dos seus pontos chaves", disse seu diretor, Tim Tucker, em comunicado.

A África do Sul é um do país com o maior índice de contágio do HIV no mundo. A ONUAids calcula que um em cada nove adultos estejam contaminados no país, cerca de 5,3 milhões de pessoas.

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