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18/08/2004 - 05h27

Sistema Solar pode ser raro, diz estudo

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SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

Dizer que estamos sós no Universo pode até ser um exagero. Mas é possível que planetas como a Terra sejam bem raros, afinal. É o que sugere um novo estudo conduzido por Martin Beer, um astrônomo da Universidade de Leicester, no Reino Unido.

Em cooperação com pesquisadores nos EUA, ele aponta que todos os sistemas planetários descobertos até agora, mais de uma centena, não devem ter planetas com a superfície rochosa, como os que existem no Sistema Solar. Isso porque, segundo o grupo, esses planetas extra-solares teriam se formado de um jeito diferente.

A principal hipótese para explicar a formação de planetas é a chamada acreção. Uma estrela, assim que nasce, possui um disco de poeira e gás ao seu redor --os restos de sua formação. A idéia é que essa poeira começa a se aglutinar e a formar rochas cada vez maiores, que no fim dão origem aos planetas rochosos, como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.

Enquanto isso está acontecendo, o vento estelar --a corrente de partículas emanadas do astro-- já "varreu" a maior parte do gás no disco, que acaba sobrando só nas regiões mais longínquas, onde se acumula em torno de pedaços de rocha, formando enorme bolas gasosas. Desse modo nasceriam os planetas gigantes, como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

O modelo funciona mais ou menos bem para o Sistema Solar, mas tem uma dificuldade danada para explicar os planetas descobertos em torno de outras estrelas desde 1995 --gigantes gasosos localizados muito perto do astro central ou em órbitas muito mais achatadas que as solares.

Com isso, ganhou força um outro modelo de formação planetária, que fala do colapso gravitacional do disco, sem acreção. Por alguns distúrbios no disco logo após o nascimento da estrela, o gás de cara já começa a se aglutinar na forma de gigantes gasosos.

Para Beer e colegas, essa pode ser a principal explicação para a existência de sistemas tão diferentes do solar --eles teriam se formado por colapso gravitacional, que dispensa astros rochosos como a Terra, e os planetas do Sol teriam nascido por acreção.

"Se assim for, pode ser que nenhum dos sistemas planetários observados tenha grande chance de abrigar um planeta tipo Terra", escreveram os pesquisadores em um artigo publicado no periódico britânico "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".

Ainda há muitos desafios para que os cientistas entendam que circunstâncias levam à formação de que tipo de sistema. É possível que a configuração do Sistema Solar seja rara --com base nos dados já coletados, ela de fato é.

Mas também é verdade que o método de detecção de planetas extra-solares --que hoje só funciona para gigantes gasosos-- favorece a localização daqueles que giram mais perto de sua estrela, criando um viés de observação.

Resta então, por ora, tentar um palpite. "Suspeito que será menos que 10%", diz Paul Butler, da Instituição Carnegie de Washington, um dos principais caçadores de planetas extra-solares.

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