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21/08/2004 - 06h40

Cinco novas luas revelam história de Netuno

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da Folha de S.Paulo

Não é Netuno que tem poucas luas. É você que bebe pouco. Esse slogan poderia muito bem ter sido adotado por William Lassell (1799-1880), o astrônomo amador britânico que descobriu a primeira e maior de suas luas, Tritão, em 1846, financiado pelos lucros que tinha em sua cervejaria. Mas cai até melhor agora, com a descrição da descoberta de cinco novos satélites ao redor do planeta, feita por um grupo internacional de pesquisadores.

Liderados por Matthew Holman, do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, nos EUA, eles demonstraram que Netuno não é tão diferente de seus outros primos gigantes gasosos no Sistema Solar, Júpiter, Saturno e Urano. Todos têm um monte de luas irregulares --em geral pequenas e às vezes girando na direção oposta à da rotação do planeta.

Luas vêm em dois sabores: as regulares --em geral maiores e que giram junto com o planeta e mais perto dele, em órbitas quase circulares--, e as irregulares --tidas normalmente como asteróides e cometas capturados pela gravidade do planeta. A Lua, único satélite natural da Terra, é um bom exemplo de astro regular.

Netuno, entretanto, parece ser muito esquisito no que diz respeito às suas luas. Para começar, Tritão, apesar de ser bem grande (com o tamanho aproximado do planeta Plutão, uns 2.700 km de diâmetro), possui movimento retrógrado (gira no sentido oposto ao da rotação do planeta).

É a única grande lua do Sistema Solar a ter órbita retrógrada, o que fez com que os cientistas pensassem que ela não havia nascido como lua netuniana, e sim tenha sido capturada pela gravidade do planeta depois de formada.

Para completar a esquisitice, Nereida, o terceiro maior satélite netuniano, tem uma órbita extremamente oval e incomum.

Com o rápido sobrevôo da sonda norte-americana Voyager-2 pelo planeta, em 1989, outras seis luas foram descobertas --todas girando da maneira mais usual, com o planeta. Até hoje, foi a única espaçonave a passar perto de Netuno, que fica 30 vezes mais distante do Sol que a Terra.

Caçadas astronômicas às luas netunianas foram conduzidas com telescópios antes e depois do vôo da Voyager, mas, até 2001, Netuno se mostrava totalmente livre de satélites irregulares distantes, apesar de ser o planeta mais próximo do grande repositório de cometas, o cinturão de Kuiper.

Para explicar esse sistema notoriamente pobre em luas num planeta gigante gasoso, os cientistas supunham que um evento cataclísmico, com colisões e influências gravitacionais durante a captura de Tritão --o mesmo que teria colocado Nereida em sua órbita maluca--, teria destruído as luas irregulares mais distantes.

A descoberta recente de novas luas irregulares em Júpiter, Saturno e Urano, no entanto, reacendeu a busca. E valeu a pena. Usando um método originalmente criado para caçar objetos no cinturão de Kuiper com um telescópio no Chile, a equipe liderada por Holman obteve imagens que detectaram mais cinco luas ao redor de Netuno. Todas pequenas, com diâmetros entre 30 e 50 km, duas com órbitas usuais, e três girando em sentido retrógrado.

Um sexto objeto também foi detectado, mas ainda não se sabe se é um satélite girando ao redor de Netuno ou apenas um objeto do cinturão de Kuiper viajando naquela região, ao executar sua órbita ao redor do Sol.

De todo jeito, as descobertas, consolidadas num estudo publicado na última edição da revista "Nature" (www.nature.com), alinham Netuno com seus aparentados no Sistema Solar. Ainda é o menor dos conjuntos de luas no Sistema Solar Exterior, com 13 membros. Mas a conta ainda tende a aumentar. Se fosse vivo, William Lassell certamente proporia um brinde.

Especial
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