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16/09/2004 - 11h12

EUA admitem relação entre antidepressivo e suicídio de jovens

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da France Presse, em

Os antidepressivos foram postos no banco dos réus nos Estados Unidos. Autoridades médicas do país reconheceram que essas drogas estão relacionadas com um risco maior de suicídio entre os jovens, e especialistas fizeram advertências contundentes a médicos e pacientes.

"Acho que agora todos nós acreditamos que há um aumento das tendências suicidas com a ingestão destes antidepressivos", disse no início desta semana o doutor Robert Temple, representante da FDA (Food and Drug Administration), entidade encarregada do controle de remédios e alimentos nos Estados Unidos.

Temple resumiu as conclusões de uma comissão de 31 especialistas, que analisou testes clínicos com 4.000 jovens, feitos por fabricantes de cinco antidepressivos, inclusive Prozac e Zoloft.

Risco em dobro

Estes estudos mostram que jovens que tomam antidepressivos correm o dobro de riscos de ter pensamentos suicidas que outros que recebem placebo. Para o Prozac, o antidepressivo mais receitado para os jovens, este risco é 50% maior, segundo o estudo. Nenhum suicídio foi registrado neste grupo, segundo a FDA.

As conclusões dos testes clínicos foram consideradas suficientemente alarmantes pela comissão de especialistas para que a FDA imponha a advertência mais forte possível nas fichas de informação dos antidepressivos que os laboratórios fornecem aos médicos.

Segundo a comissão, estes laboratórios deveriam ainda fornecer informações aos pacientes, explicando em termos simples os riscos vinculados à ingestão destes medicamentos.

Recomendações

O FDA provavelmente adotará as recomendações do grupo de especialistas nas próximas semanas.

Embora centenas de medicamentos sejam acompanhados de uma etiqueta de advertência, a FDA não impõe advertências de riscos potenciais a mais de 30 remédios.

Em março passado, o órgão impôs a modificação das etiquetas de dez antidepressivos, nas quais mencionou a necessidade de um acompanhamento particular e de atenção a sinais de aumento da depressão em alguns pacientes, particularmente nos jovens.

A agência federal tomou esta decisão depois que um de seus especialistas concluiu, em fevereiro passado, a existência de risco de suicídio entre os jovens e adolescentes tratados com cinco antidepressivos estudados. Mas a FDA não o autorizou a apresentar seu informe, porque considerou suas conclusões prematuras demais.

Proibição

Embora os especialistas da FDA tivessem entrado em acordo para impor as advertências, nenhum exigiu a proibição destes medicamentos, como fizeram vários países europeus no final de 2003.

Além disso, os médicos consideraram desejável que o uso de antidepressivos entre jovens se reduza na medida que não só apresentam riscos, mas como sua eficácia é posta em xeque.

"Dispomos de indícios muito bons de seus efeitos nefastos e muito ruins sobre sua eficácia", explicou o médico Thomas Newman, professor de pediatria, citado pelo "The New York Times".

Segundo as últimas estatísticas disponíveis, médicos norte-americanos emitiram cerca de 11 milhões de receitas de antidepressivos a menores de 18 anos em 2002, ou seja, 8% do total das prescrições deste tipo de medicamentos nos Estados Unidos.

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