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11/05/2005
-
09h28
REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo
À primeira vista, parece um dado surpreendente e animador: as empresas paulistas finalmente superaram ligeiramente o investimento público em pesquisa e desenvolvimento (o famoso binômio "P&D"). Mas os gastos empresariais com a área, que alcançaram a marca de 54% do que se despende nesse setor no Estado, ainda não estão sendo direcionados para a criação de tecnologias próprias, aponta um relatório divulgado ontem na capital.
Batizado de "Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo 2004", o relatório editado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) chega à sua terceira edição, com o propósito de mapear todos os aspectos da produção científica e tecnológica em território paulista. "São indicadores que deverão se constituir como referência para políticas públicas", afirmou o presidente da Fapesp, Carlos Vogt.
Segundo o relatório, as empresas paulistas gastaram em 2000 R$ 2,15 bilhão em P&D (54% do total). O setor público investiu R$ 1,82 bilhão, 46% do total.
Dados do relatório anterior, referentes ao período entre 1995 e 1998, apontavam uma participação ainda maior do investimento público em pesquisa e desenvolvimento: cerca de 62%.
No entanto, Sandra Hollanda, analista-sênior do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e membro da equipe do relatório, afirma que não é possível comparar diretamente os "novos" dados (cuja fonte, na verdade, é um levantamento do IBGE feito em 2000) com os anteriores.
"De certa forma, é claro que isso foi uma surpresa para nós. Mas antes nós não tínhamos outro retrato que nos permitisse comparar de maneira significativa os investimentos públicos e privados nessa área Estado por Estado", diz Hollanda.
Mesmo assim, a situação paulista é diferente do que se vê no resto do país, em que 58,4% dos gastos com P&D têm origem pública. Os pesquisadores atribuem essa diferença, em parte, ao fato de que as empresas de grande porte têm maior tendência a investir nessa área, e São Paulo concentra essas companhias --assim como as empresas de alta tecnologia, que também atribuem importância a esse aspecto.
É bom lembrar, no entanto, que a conta dos investimentos empresariais inclui as empresas públicas. E que os gastos com P&D nem sempre significam o desenvolvimento de novas tecnologias dentro da empresa pesquisada. "A compra de um equipamento novo ou a incorporação de um novo processo também entra nessa definição", explica Ruy de Quadros Carvalho, do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp.
Isso também esclarece por que só cerca de 1% das empresas consideram as universidades uma fonte importante de inovações tecnológicas. "A gente tem uma idéia um tanto equivocada sobre o papel das universidades e centros de pesquisa na inovação. Mesmo nos países de Primeiro Mundo, elas ocupam uma posição secundária nesse quesito", diz Carvalho. "A diferença é que, no Brasil, a posição é a mesma, mas a importância continua sendo menor em termos absolutos."
Tal quadro se reflete na quantidade e tipo de patentes depositadas no Brasil e no exterior por inventores brasileiros e paulistas. O levantamento aponta, por exemplo, que cerca de 70% delas vêm de pessoas físicas, e não jurídicas --ou seja, na maior parte dos casos as empresas ficam de fora da equação. "E as patentes são majoritariamente em campos de baixa exigência tecnológica", afirma Leandro Alves Silva, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Fapesp
Empresas gastam com tecnologia, mas não inovam, diz estudo
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da Folha de S.Paulo
À primeira vista, parece um dado surpreendente e animador: as empresas paulistas finalmente superaram ligeiramente o investimento público em pesquisa e desenvolvimento (o famoso binômio "P&D"). Mas os gastos empresariais com a área, que alcançaram a marca de 54% do que se despende nesse setor no Estado, ainda não estão sendo direcionados para a criação de tecnologias próprias, aponta um relatório divulgado ontem na capital.
Batizado de "Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação em São Paulo 2004", o relatório editado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) chega à sua terceira edição, com o propósito de mapear todos os aspectos da produção científica e tecnológica em território paulista. "São indicadores que deverão se constituir como referência para políticas públicas", afirmou o presidente da Fapesp, Carlos Vogt.
Segundo o relatório, as empresas paulistas gastaram em 2000 R$ 2,15 bilhão em P&D (54% do total). O setor público investiu R$ 1,82 bilhão, 46% do total.
Dados do relatório anterior, referentes ao período entre 1995 e 1998, apontavam uma participação ainda maior do investimento público em pesquisa e desenvolvimento: cerca de 62%.
No entanto, Sandra Hollanda, analista-sênior do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e membro da equipe do relatório, afirma que não é possível comparar diretamente os "novos" dados (cuja fonte, na verdade, é um levantamento do IBGE feito em 2000) com os anteriores.
"De certa forma, é claro que isso foi uma surpresa para nós. Mas antes nós não tínhamos outro retrato que nos permitisse comparar de maneira significativa os investimentos públicos e privados nessa área Estado por Estado", diz Hollanda.
Mesmo assim, a situação paulista é diferente do que se vê no resto do país, em que 58,4% dos gastos com P&D têm origem pública. Os pesquisadores atribuem essa diferença, em parte, ao fato de que as empresas de grande porte têm maior tendência a investir nessa área, e São Paulo concentra essas companhias --assim como as empresas de alta tecnologia, que também atribuem importância a esse aspecto.
É bom lembrar, no entanto, que a conta dos investimentos empresariais inclui as empresas públicas. E que os gastos com P&D nem sempre significam o desenvolvimento de novas tecnologias dentro da empresa pesquisada. "A compra de um equipamento novo ou a incorporação de um novo processo também entra nessa definição", explica Ruy de Quadros Carvalho, do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp.
Isso também esclarece por que só cerca de 1% das empresas consideram as universidades uma fonte importante de inovações tecnológicas. "A gente tem uma idéia um tanto equivocada sobre o papel das universidades e centros de pesquisa na inovação. Mesmo nos países de Primeiro Mundo, elas ocupam uma posição secundária nesse quesito", diz Carvalho. "A diferença é que, no Brasil, a posição é a mesma, mas a importância continua sendo menor em termos absolutos."
Tal quadro se reflete na quantidade e tipo de patentes depositadas no Brasil e no exterior por inventores brasileiros e paulistas. O levantamento aponta, por exemplo, que cerca de 70% delas vêm de pessoas físicas, e não jurídicas --ou seja, na maior parte dos casos as empresas ficam de fora da equação. "E as patentes são majoritariamente em campos de baixa exigência tecnológica", afirma Leandro Alves Silva, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
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