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13/06/2005 - 09h38

Telescópio Hubble falha em achar resto de supernova

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SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

"Procura-se cadáver estelar." Colocar um anúncio no jornal pode bem ser o próximo passo de uma pesquisa conduzida por um grupo internacional de pesquisadores. Eles usaram o Telescópio Espacial Hubble à procura dos restos de uma famosa supernova, que foi vista explodir em 1987. Não encontraram nada.

Nasa
Imagem do Hubble mostra área da supernova 1987A
Imagem do Hubble mostra área da supernova 1987A
Esse astro é tão importante justamente porque foi o mais próximo a surgir nos tempos modernos, com sofisticados telescópios em terra e no espaço para estudar sua evolução. Claro, próximo em termos astronômicos, porque ele está na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea, onde fica o Sistema Solar.

Uma estrela vive de grudar átomos de hidrogênio e convertê-los em hélio (processo chamado tecnicamente de "fusão nuclear"). Quando ela é muito maciça, ao final de sua vida ela vira uma supernova. Isso ocorre quando ela esgota seu combustível e entra em colapso, explodindo suas camadas exteriores e aumentando imensamente o seu brilho por um curto período de tempo.

Histórias de supernova

As mais famosas explosões estelares da história provavelmente foram as que Galileu Galilei e Johannes Kepler estudaram em 1572 e 1604. Elas foram importantes para provar que o céu não era imutável, como sugeriam Aristóteles e a Igreja Católica, mas não permitiram grandes estudos.

Já a chamada SN1987A surgiu numa época mais aprazível. É a supernova mais próxima dos últimos 300 anos. Desde a explosão, os astrônomos têm observado atentamente o astro, na expectativa de ver que fim ele vai levar. Segundo os modelos, o que sobrasse do cataclismo formaria, dependendo da massa disponível, uma estrela de nêutrons (que mais tarde daria origem a um pulsar, emissor regular de ondas de rádio) ou um buraco negro (se ele tiver matéria suficiente para se espremer a ponto de criar um ambiente em que a força gravitacional não deixa nem mesmo a luz escapar dele).

No caso da 1987A, os astrônomos esperavam uma estrela de nêutrons, que se tornaria um pulsar. Mas ficaram surpresos ao notar que, mesmo com os "olhos de águia" do Hubble, não puderam ver sequer o ponto de onde a supernova se originou. A essa altura, a poeira circundante já teria se dissipado e o que restou depois da supernova deveria ser visível.

"Isso foi surpreendente", diz Genevieve Graves, astrônoma da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos, principal autora do estudo. "Nós, a comunidade astronômica, esperávamos testemunhar o nascimento de um pulsar."

Busca continua

Embora o astro remanescente da explosão siga desaparecido, os cientistas ainda acreditam que ele esteja lá. E encaram o fato de não o terem visto como uma boa notícia: poderão testar com precisão os modelos que levam à formação de um pulsar. Segundo diferentes modelagens, o surgimento de um campo magnético forte ao redor de uma estrela de nêutrons --o que cria as características de um pulsar-- leva de cem a 10 mil anos para se formar. Considerando que a explosão da supernova foi em 1987, os cientistas terão uma oportunidade para ver esse processo se desenrolando.

"Por isso até que a dificuldade em vermos o objeto é frustrante, mas não totalmente inesperada", diz Graves. "A observação reforça os modelos de pulsar em que leva algum tempo para que ele se forme, após uma supernova. Antes da SN1987A, não tínhamos meio de testar modelos para a formação com escalas de tempo menores que mil anos."

E a caça ao que restou da estrela continua. Os cientistas liderados por Graves, que divulgaram seus últimos resultados em um estudo disponível em www.arxiv.org (site que os físicos e astrofísicos usam para divulgar seus resultados antecipadamente), pretendem fazer mais observações com o Hubble, na freqüência do infravermelho próximo. Também tentarão usar o Spitzer, telescópio espacial de infravermelho da Nasa.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Telescópio Espacial Hubble
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