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14/07/2005 - 12h17

Astrônomo polonês descobre mundo com três sóis

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SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

Um astrônomo polonês trabalhando no Instituto de Tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriu o primeiro planeta fora do Sistema Solar que tem três sóis. A descoberta implica que deve haver muito mais planetas lá fora --e muito mais Terras-- do que antes se supunha.

Nasa/JPL-Caltech
Concepção artística de uma lua hipotética ao redor do planeta gigante de três sóis
Concepção artística de uma lua hipotética ao redor do planeta gigante de três sóis
"É o primeiro planeta descoberto por um só pesquisador --excetuando-se os que foram achados no próprio Sistema Solar desde o advento dos telescópios.

A nova descoberta é de Maciej Konacki, feita no observatório Keck, no Havaí. Medindo o "bamboleio" causado pelo puxão gravitacional do planeta em sua estrela-mãe, o astrônomo pôde determinar a massa e a órbita aproximadas do dito cujo. Trata-se de um planeta gigante gasoso, como Júpiter, numa órbita extremamente pequena --um ano lá leva pouco mais de três dias.

Até aí, nada de mais. Há mais de trinta planetas fora do Sistema Solar já descobertos nessa condição pouco confortável, girando quase colados à estrela-mãe. São os chamados jupiterianos quentes ("hot jupiters"), talvez a maior surpresa encontrada desde que se começaram a detectar planetas extra-solares, em 1995.

Acontece que, segundo todas as teorias de formação planetária, o astro encontrado ao redor da estrela principal do sistema HD 188753 não poderia estar lá.

As teorias originais de como os planetas são construídos foram, óbvio, baseadas na arquitetura do Sistema Solar. A idéia é que planetas gigantes gasosos só possam se formar mais distantes da estrela, onde a água fica sempre congelada e há matéria suficiente para a formação do núcleo sólido que servirá de "ímã" para captar o gás necessário ao surgimento de um gigante gasoso. Isso explica muito bem porque Júpiter, Saturno, Urano e Netuno estão onde estão. Mas tudo ficou complicado quando começaram a descobrir os jupiterianos quentes.

Astros em trânsito

A solução para "consertar" a teoria foi elaborar um esquema de migração planetária. Os jupiterianos quentes se formariam longe de seus sóis, mas depois migrariam para dentro, arrastando tudo que estivesse pela frente. A idéia até que serviu para explicar os jupiterianos quentes vistos até agora, embora não tenha ficado muito claro por que o nosso Júpiter não fez o mesmo estrago, destruindo a Terra no processo.

Surge o novo planeta de Konacki. Como está num sistema trinário, o espaço que deve ter existido para a formação de planetas ao redor da estrela principal era bem pequeno --menor do que o exigido para a formação de um planeta do tipo Júpiter, pela teoria. Ou seja: mesmo com a "mágica" da migração, aquele jupiteriano quente não poderia ter surgido lá.

Estão abertas as apostas, portanto. Como afinal se formam os planetas? Para os astrônomos alemães Artie P.Hatzes e Günther Wuchterl, que comentam o resultado de Konacki na edição de hoje da revista científica britânica "Nature" (www.nature.com), a chave é a nebulosa protoplanetária, o amontoado de gás e poeira que teria dado origem a um dado sistema, sua estrela e seus planetas. Dependendo da forma e das condições da nebulosa, as coisas podem ter acontecido de um jeito ou de outro --daí serem possíveis tantas arquiteturas diferentes para sistemas planetários.

Aumento de planetas

Konacki, por sua vez, destaca outras conclusões importantes da descoberta. É a primeira vez que se vê um planeta ao redor de uma estrela que tem outras estrelas girando à sua volta numa proximidade razoável. Até então, esses locais eram considerados inadequados para o surgimento de planetas. E estrelas binárias respondem por mais da metade dos sistemas estelares da Via Láctea (o Sol, estrela "solteira", está em minoria). "Cerca de 60% de todas as estrelas são sistemas binários ou múltiplos", disse Konacki à Folha. "Suspeito que detectar planetas nesses sistemas mudará significativamente o que pensamos da formação de gigantes gasosos."

Konacki, por exemplo, acredita que descobrir-se-á que os jupiterianos quentes na verdade se formam perto da estrela. Já nasceriam quentes. "Sim, esse seria meu palpite --jupiterianos quentes desde o início. Mas esse é só um palpite por ora."

Se estiver correto, as implicações são sérias. O processo de migração dos gigantes acabaria com quaisquer Terras que estivessem pelo caminho. Mas, se ele nunca aconteceu, e os gigantes já nascem colados à estrela, é possível que haja vários planetas menores na região habitável desses sistemas planetários. Boa notícia para a busca de vida extraterrestre.

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