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04/01/2006
-
18h56
da France Presse, em Paris
Um extraordinário aquecimento global ocorrido há 55 milhões de anos modificou dramaticamente o trajeto das correntes oceânicas da Terra, uma descoberta que reforça a preocupação atual com a mudança climática, afirma o estudo.
Durante o grande acontecimento, chamado pelos cientistas de Paleoceno/Eoceno Termal Máximo (PETM), a temperatura da superfície do planeta subiu entre cinco e oito graus Celsius num curtíssimo período, desencadeando mudanças climáticas que permaneceram por milhares de anos.
Os cientistas Flavia Nunes e Richard Norris, do Scripps Institution of Oceanography, na Califórnia, pesquisaram como essas altas temperaturas poderiam ter afetado as correntes oceânicas.
Eles utilizaram isótopos de carbono 13 de 14 camadas extraídas de regiões profundas nos quatro diferente oceanos, retirando amostras de sedimentos depositadas antes, durante e depois do PETM.
Esses isótopos são considerados um indicador dos nutrientes depositados pela água ao longo do tempo. Quanto maior o valor do isótopo, maior a probabilidade de a amostra ter vindo da profundidade do oceano, considerado a primeira fonte de nutrientes.
A partir de uma impressionante reconstrução, Nunes and Norris descobriram que o sistema mundial de correntes oceânicas fez um retorno durante o PETM --, revertendo depois sobre si mesmo.
Antes do PETM, as águas profundas vinham à tona no hemisfério sul; em aproximadamente 40.000 anos, a fonte dessa corrente mudou-se para o hemisfério norte; foram necessários mais 100.000 anos antes de a corrente recuperar completamente seu volume.
Não se sabe ainda o que desencadeou o PETM. Alguns apontam para erupções vulcânicas que teriam emitido grandes quantidades de dióxido de carbono. Outros afirmam que as altas temperaturas podem ter rompido o solo congelado que protegia os reservatórios costeiros de gás metano.
A elevação da temperatura pode ter ocorrido em alguns milhares de anos, mas, como destacam Nunes e Norris, os efeitos foram duradouros e a lição para a humanidade é clara.
"A emissão atual de CO2 para a biosfera a partir de fontes de combustível fóssil está se aproximando daquela estimada para o PETM, levantando preocupações sobre o futuro climático e a mudança da circulação das correntes", alertaram.
"O exemplo do PETM mostra que a ação do homem pode ter efeitos duradouros não apenas no clima global, mas também na circulação das correntes oceânicas".
Especial
Leia o que já foi publicado sobre correntes marítimas
Aquecimento global há milhões de anos modificou correntes oceânicas
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Um extraordinário aquecimento global ocorrido há 55 milhões de anos modificou dramaticamente o trajeto das correntes oceânicas da Terra, uma descoberta que reforça a preocupação atual com a mudança climática, afirma o estudo.
Durante o grande acontecimento, chamado pelos cientistas de Paleoceno/Eoceno Termal Máximo (PETM), a temperatura da superfície do planeta subiu entre cinco e oito graus Celsius num curtíssimo período, desencadeando mudanças climáticas que permaneceram por milhares de anos.
Os cientistas Flavia Nunes e Richard Norris, do Scripps Institution of Oceanography, na Califórnia, pesquisaram como essas altas temperaturas poderiam ter afetado as correntes oceânicas.
Eles utilizaram isótopos de carbono 13 de 14 camadas extraídas de regiões profundas nos quatro diferente oceanos, retirando amostras de sedimentos depositadas antes, durante e depois do PETM.
Esses isótopos são considerados um indicador dos nutrientes depositados pela água ao longo do tempo. Quanto maior o valor do isótopo, maior a probabilidade de a amostra ter vindo da profundidade do oceano, considerado a primeira fonte de nutrientes.
A partir de uma impressionante reconstrução, Nunes and Norris descobriram que o sistema mundial de correntes oceânicas fez um retorno durante o PETM --, revertendo depois sobre si mesmo.
Antes do PETM, as águas profundas vinham à tona no hemisfério sul; em aproximadamente 40.000 anos, a fonte dessa corrente mudou-se para o hemisfério norte; foram necessários mais 100.000 anos antes de a corrente recuperar completamente seu volume.
Não se sabe ainda o que desencadeou o PETM. Alguns apontam para erupções vulcânicas que teriam emitido grandes quantidades de dióxido de carbono. Outros afirmam que as altas temperaturas podem ter rompido o solo congelado que protegia os reservatórios costeiros de gás metano.
A elevação da temperatura pode ter ocorrido em alguns milhares de anos, mas, como destacam Nunes e Norris, os efeitos foram duradouros e a lição para a humanidade é clara.
"A emissão atual de CO2 para a biosfera a partir de fontes de combustível fóssil está se aproximando daquela estimada para o PETM, levantando preocupações sobre o futuro climático e a mudança da circulação das correntes", alertaram.
"O exemplo do PETM mostra que a ação do homem pode ter efeitos duradouros não apenas no clima global, mas também na circulação das correntes oceânicas".
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