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23/01/2006 - 09h00

"Ex-diabético" quer voltar à Aeronáutica

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FABRÍCIO FREIRE GOMES
da Folha de S.Paulo, em Ribeirão

Embora não exista a categoria "ex-diabético" para a medicina, Welton dos Santos Lopes, 22, de São José dos Campos, não usa insulina desde agosto do ano passado e o nível de açúcar no seu organismo está controlado.

A vida de Lopes só não voltou completamente ao normal porque a AFA (Academia da Força Aérea) de Pirassununga ainda não aceitou o retorno dele ao segundo ano do curso de formação de pilotos --ele foi desligado em abril de 2004, quando descobriu que tinha diabetes tipo 1, doença causada por um ataque das células de defesa do próprio organismo contra as que produzem insulina no pâncreas.

Lopes é um dos dez pacientes participantes de uma pesquisa do Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto que investiga o potencial de células-tronco adultas para deter o diabetes tipo 1. O resultado preliminar da pesquisa, animador, foi revelado na última quinta-feira pela Folha.

"Antes eu cheguei a tomar insulina três vezes por dia e agora meu nível de glicemia está regular desde agosto. Eu como de tudo, inclusive chocolate. Só não consegui voltar para a AFA. Pedi o retorno em setembro de 2005, mas as aulas [de 2006] começaram no dia 16 de janeiro e ainda não tive um posicionamento oficial deles. Se não der certo vou tentar na Justiça uma liminar para garantir meus direitos, enquanto o assunto está sendo analisado", disse.

A técnica desenvolvida pela equipe do médico Júlio César Voltarelli consiste em neutralizar o sistema de defesa. Então, células-tronco da medula óssea do próprio paciente são retiradas e e colocadas na corrente sanguínea. Em oito dos dez pacientes, quando foi reativado o sistema de defesa após o autotransplante, o organismo parou de atacar a produção de insulina. Os resultados ainda precisam ser repetidos com um universo maior de pacientes, mas os cientistas estão animados e devem submeter seus dados a publicação em breve.

Voltarelli disse que não foi procurado pela AFA para emitir parecer oficial do estado de saúde de Lopes, mas afirmou acreditar que hoje ele esteja apto a retornar às atividades aéreas. "Hoje, ele não faz nenhum controle de açúcar e está liberado a voar. Não posso dar nenhuma garantia que ele não vá desenvolver diabetes novamente, assim como não existe garantia que um piloto não vai descobrir que tem a doença durante um vôo", disse.

O Cecomsaer (Centro de Comunicação Social da Aeronáutica) informou que não chegou nenhum pedido oficial na AFA para a reintegração de Lopes, mas a solicitação pode ter sido encaminhada para outro departamento da Aeronáutica, onde estaria sendo analisada. Segundo o Cecomsaer, Lopes foi desligado por restrição de saúde em 2004, já que qualquer sintoma mínimo de diabetes, como tremores e turvação da vista, pode influenciar na segurança durante um vôo.

Wilker dos Santos Lopes, 31, irmão de Welton, disse que os resultados preliminares da pesquisa foram enviados para a Dirsa (Diretora de Saúde da Aeronáutica) no Rio de Janeiro, mas ainda não houve resposta. "Meu pai é suboficial da reserva da Aeronáutica e o Welton quis ser piloto desde criança. Quando ele descobriu a pesquisa de Ribeirão na internet ele se candidatou para realizar esse sonho. Ele está curado e merece esta chance."

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