Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
31/01/2006 - 10h02

Inpe quer nacionalizar observação da Terra

Publicidade

CLAUDIO ANGELO
da Folha de S.Paulo

O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) quer lançar em 2009 um satélite de sensoriamento remoto inteiramente nacional, para substituir uma espaçonave americana que hoje faz o monitoramento da Amazônia em tempo real. Segundo o diretor do instituto, Gilberto Câmara, os EUA não têm planos para renovar o equipamento, que será aposentado naquele ano.

O satélite nacional, chamado por enquanto SSR-1 (Satélite de Sensoriamento Remoto), deve complementar o Cbers-3 (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, na sigla em inglês) na cobertura de imagens da floresta, que precisa ser diária para que o sistema de detecção do desmatamento, o Deter, funcione em tempo real. Hoje, ele se baseia nos sensores Modis, a bordo das naves americanas Acqua e Terra.

O novo satélite, cujo custo de desenvolvimento é estimado em R$ 40 milhões em três anos, deverá ter componentes 100% nacionais --diferentemente do Cbers, feito com a China. Para isso, no entanto, o país precisará dominar etapas da tecnologia de satélites que ainda não existem por aqui.

"Uma parte crucial da tecnologia terá de ser desenvolvida aqui, que é o controle do satélite em órbita", afirmou Câmara. Ele disse acreditar que isso possa ser realizado em três anos.

Olho na Terra

Câmara tomou posse à frente do Inpe em dezembro passado, em substituição a Luiz Carlos Miranda, que saiu devido a um conflito orçamentário com a AEB (Agência Espacial Brasileira). A agência passou a gerir todas as verbas do Programa Nacional de Atividades Espaciais, que antes eram transferidas diretamente ao instituto e formavam o grosso de seu orçamento --R$ 100 milhões de R$ 120 milhões pleiteados em 2005.

O novo diretor apresentou ontem seus planos para o instituto na sede da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em São Paulo. E deixou claro: para ele, o programa espacial brasileiro precisa olhar para a Terra.

"O programa espacial precisa ter o tamanho do Brasil. Não é um programa de demonstração tecnológica. Nunca vamos ser lançadores de astronauta, nem de estação espacial, nem de satélites para a Lua", declarou.

Segundo ele, o Brasil precisa usar o espaço prioritariamente como plataforma para sensoriamento remoto e estudos climáticos, com foco em agricultura e proteção de recursos naturais. "Nós não somos nem seremos uma potência invasora. O que move os brasileiros é aquilo que aparece toda semana no "Globo Repórter'", brincou, em alusão à temática ambiental.

A principal iniciativa nesse sentido continua sendo o programa Cbers, que tem mais dois lançamentos previstos até 2009 (o Cbers-2b e o Cbers-3). A Nasa já teria solicitado uso de imagens do satélite sino-brasileiro, e a ESA (Agência Espacial Européia) também manifestou interesse em usar a nave para sensoriamento remoto da Europa.

Em relação à participação brasileira na ISS (Estação Espacial Internacional) e à viagem ao espaço do astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, em março, Câmara disse ser necessário "medir com uma balança". "Vale a pena pagar US$ 10 milhões ou US$ 20 milhões pela viagem do astronauta? Acho que sim. Vale investir US$ 500 milhões na estação espacial? Isso nem está em discussão."

Alto impacto

O Inpe passa, neste momento, por uma avaliação da qual devem sair suas prioridades científicas para 2015. Segundo Câmara, deverão ter prioridade pesquisas de alto impacto --sugerindo que ciência básica demais não faz parte das prioridades do instituto. "O Inpe não pode ser visto como um conjunto de departamentos de universidade", disse.

Leia mais
  • Brasileiro levará sementes para o espaço

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Inpe
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página