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29/04/2006 - 11h07

Criação de camarão ameaça recifes na BA

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CLAUDIO ANGELO
Editor de Ciência da Folha de S.Paulo

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) quer impedir a construção do maior projeto de criação de camarões do país, no sul da Bahia.

Segundo o órgão, o empreendimento afetaria o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, uma jóia do litoral brasileiro e um dos principais locais de reprodução de baleias-jubartes do oceano Atlântico.

O empreendimento, de R$ 60 milhões, é de propriedade de uma cooperativa que comprou uma área 1.500 hectares de costa numa região de manguezais e restingas entre os municípios de Caravelas e Nova Viçosa. Ele já vinha sendo contestado pelo Ministério Público baiano, porque o Ibama estuda a criação de uma unidade de conservação no local. No entanto, uma liminar que suspendia o licenciamento da obra pelo Estado foi cassada nesta semana pelo Tribunal de Justiça da Bahia.

Agora, o órgão ambiental federal prepara uma portaria decretando os manguezais de Caravelas zona de amortecimento do parque de Abrolhos. Isso faria com que o licenciamento passasse a ser competência federal --e provavelmente impediria a obra.

Zona de amortecimento é o território contíguo a uma unidade de conservação, que deve ser preservado para garantir a integridade da biodiversidade no local. Os mangues da região de Caravelas são o berçário para as espécies que habitam os recifes de Abrolhos. "Os robalos, barracudas e meros passam sua fase juvenil nos mangues antes de migrar para os recifes", disse Alexandre Cordeiro, coordenador-geral de Reservas Extrativistas do Ibama.

A carcinicultura (criação de camarões) é uma velha inimiga dos ambientalistas, devido ao desmatamento dos mangues e à grande quantidade de efluentes lançada na água. No caso de Caravelas, o total de manguezais a serem desmatados é pouco, porque os tanques de camarão ficarão em terra. "Nossa preocupação é com os impactos indiretos e a devolução dos resíduos ao estuário", afirma o biólogo Guilherme Dutra, da Conservação Internacional.

A empresa responsável pelo projeto, a Coopex (Cooperativa de Criadores de Camarão do Extremo Sul da Bahia), é subsidiária do grupo português Lusomar, que já teve problemas com o Ibama no passado. "Eles têm um longo histórico de infrações ambientais", afirmou Cordeiro.

O diretor da Coopex, o português José Antônio Corrêa Gonçalves, diz que o empreendimento é "perfeitamente sustentável" e que vai gerar 3.000 empregos diretos e indiretos na região.

"Também somos ambientalistas", disse Gonçalves, que afirma também que o projeto não vai gerar efluentes. "Até por razões econômicas, a carcinicultura moderna recicla a água. Temos embasamento técnico-científico [para o projeto]."

"É tudo balela", devolve Alexandre Carneiro, do Ibama. "O projeto é comum e vai derramar efluentes do mesmo jeito."

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