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11/05/2006 - 11h32

Folha de coca ganha status de matéria-prima saudável

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da Efe, em Cuzco

A folha de coca, estigmatizada por ser a matéria-prima da cocaína, se transformou em ingrediente para produção de pães, sorvetes, bombons e balas, além de sabonetes e pasta de dentes.

Diversos estabelecimentos da cidade peruana de Cuzco passaram a usá-la com o objetivo de demonstrar que, além de combater o mal-estar causado pela altitude e de ser utilizada nos antigos rituais pré-colombianos, a planta sagrada dos povos andinos é comestível e tem usos cosméticos e medicinais que contribuem para uma vida saudável.

Ciente de que a coca é "um assunto muito delicado", o proprietário da loja Coca Shop, Christo Deneumostier, afirma que "o problema não é a coca, mas o uso que se faz dela", em alusão ao excedente do cultivo que vai para o narcotráfico.

Deneumostier diz que uma das soluções para o problema seria industrializar e comercializar a planta, aproveitando suas propriedades para a fabricação de produtos de qualidade, saudáveis e gostosos.

A folha de coca conta com 14 alcalóides, mas apenas um deles --o que serve para a fabricação da cocaína-- foi popularizado no exterior via mercado negro.

Os 13 restantes possuem proteínas, vitaminas, carboidratos, gorduras, fibras, calorias, cálcio, fósforo e ferro, entre outros componentes básicos para uma dieta equilibrada, segundo estudos científicos, entre os quais um elaborado pela Universidade de Harvard em 1975.

O pesquisador Fernando Cabises descobriu, segundo a revista "Opción Ecológica", que a coca forma células musculares, previne úlcera e gastrite, é analgésica, afina o sangue, evita o mal estar causado pela altitude, melhora o funcionamento do fígado e da vesícula, é diurética, acelera a digestão, regula a melanina da pele e evita cáries.

Vendas

O Coca Shop surgiu em 2004 em Cuzco por uma iniciativa de Deneumostier e da italiana Emma Cucchi, fundadora da Associação Kuychiwasi (Casa do Arco Iris). Em seu primeiro ano, a loja aumentou sua receita em 75%. Na vitrine estão diversos comestíveis --entre eles chocolate, sorvetes e grãos-- que têm como base a folha de coca.

A Casa Ecológica, criada há dois anos, também oferece pães, bolos, sabonetes e pasta de dentes elaborados pela pesquisadora Maria Escobedo. A proprietária, Rina Gutiérrez, disse que os sabonetes têm propriedades esfoliantes e que a pasta de dentes previne cáries.

Os turistas são os principais clientes das lojas localizadas no centro histórico de Cuzco, já que os produtos ajudam a preparar o organismo para as longas caminhadas e excursões pelo vale sagrado dos incas e pelas montanhas andinas. O caráter "exótico" dos produtos também ajuda.

Mas, segundo Gutiérrez, a comercialização da folha de coca vai além da venda de produtos inovadores, trata-se também "de preservar as antigas culturas andinas e suas formas de vida". No entanto, a tarefa dos ecologistas, cientistas e analistas defensores da coca ainda não foi concluída, já que a ONU mantém a planta em sua lista de produtos nocivos.

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