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16/05/2006 - 10h04

Grupo elabora maior mapa do Universo

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SALVADOR NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo

"Você pode pensar nele como uma esponja, com grandes buracos, em que realmente não há nada, e com essas redes complicadas de paredes, filamentos e estruturas." Acredite se quiser, mas essa é a descrição do astrônomo Chris Blake para nada menos que o Universo. Ele é um dos pesquisadores do grupo que acaba de apresentar o maior mapa tridimensional já feito do cosmos.

"O que fizemos foi basicamente ver como as galáxias se distribuem no Universo a uma distância de até 5 bilhões de anos-luz da Terra", conta Blake, que pertence à Universidade de Columbia Britânica, no Canadá. Vale ressaltar que 5 bilhões de anos-luz é um bocado: as coisas mais distantes no Universo observável estão a cerca de 13 bilhões de anos-luz.

Com essa grande análise das posições de galáxias, foi possível confirmar as observações que estimavam que três quartos de toda a matéria e energia do cosmos são compostas por uma misteriosa substância denominada "energia escura", que ninguém sabe o que é, mas parece estar controlando o ritmo de expansão do Universo.

Quanto ao quarto que sobra, é composto em sua maioria por "matéria escura", cuja natureza também não é conhecida, mas que se revela por seus efeitos gravitacionais. O pouquinho que não é nem matéria escura, nem energia escura, é o que forma as estrelas, os planetas, as pessoas e tudo mais que conseguimos observar. "Nosso resultado confirma que o Universo é mesmo bem misterioso", afirma Blake, que trabalhou nesse estudo em parceria com instituições do Reino Unido, dos Estados Unidos e da Austrália.

As conclusões serão publicadas no periódico científico britânico "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".

Os pesquisadores trabalharam com dados obtidos pelo Telescópio Anglo-Australiano e pela Pesquisa Digital do Céu Sloan (SDSS, na sigla inglesa), que forneceram observações precisas das distâncias de 10 mil galáxias, baseadas no quanto sua luz era distorcida pela expansão do Universo durante sua viagem até a Terra.

A cor e a distância

E aí é que entra o verdadeiro segredo do estudo: graças uma "técnica esperta" desenvolvida pelos pesquisadores, eles conseguiram estabelecer uma forma de avaliar a distância apenas pela cor aparente de uma galáxia. "Isso foi possível porque estávamos trabalhando com um tipo muito específico de galáxia, chamada vermelha luminosa", diz Blake.

"Então, partindo de um número relativamente pequeno de galáxias cujas distâncias foram medidas pelo método tradicional, cerca de 10 mil, conseguimos extrapolar as distâncias de 1 milhão delas", explica o astrônomo.

Para Blake, esse é um dos destaques do estudo. "Esse é realmente o jeito de fazer isso no futuro."

O pesquisador também destacou a revelação das maiores estruturas já observadas no Universo. Até agora, os cientistas sabiam que as galáxias se organizavam em aglomerados galácticos, e os aglomerados por sua vez se dispunham em superaglomerados. Mas Blake e seus colegas viram pistas de algo ainda maior. "Fomos capazes de medir diretamente estruturas com 1 bilhão de anos-luz, maiores que os superaglomerados", revela.

O mapa tridimensional ainda não foi divulgado ao público geral, mas em breve deverá estar disponível a qualquer interessado --faz parte dos planos dos pesquisadores criar um site para colocá-lo na internet.

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