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17/05/2006
-
10h07
RAFAEL GARCIA
da Folha de S.Paulo
Um grupo de cientistas isolou e seqüenciou pela primeira vez trechos de DNA contidos no núcleo de células do neandertal, hominídeo que viveu entre 300 mil e 30 mil anos atrás. O trabalho recém-divulgado pode ser considerado o início de um "projeto genoma" para essa espécie extinta de hominídeo, já que os genes seqüenciados até o ano passado não tinham muita relevância funcional.
Os dados foram obtidos pelo paleogeneticista Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, e colaboradores. As amostras usadas vieram de um homem neandertal que morreu cerca de 45 mil anos atrás. Os segmentos obtidos podem ser os primeiros a revelar traços físicos da espécie como cor de cabelo e tamanho do intestino.
O grande mérito do trabalho foi ter conseguido extrair DNA do núcleo de células, feito considerado extraordinário já que se trata de uma amostra de material genético com dezenas de milhares de anos. Pääbo já havia seqüenciado diversos fragmentos de genoma neandertal, mas todos pertenciam ao DNA das mitocôndrias, estruturas celulares responsáveis por processar energia.
"O material genético degrada muito com a passagem do tempo, e só existem duas cópias de DNA nuclear dentro de cada célula, enquanto há milhares de cópias de DNA mitocondrial", disse à Folha James Noonan, pesquisador do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos EUA, que participou do estudo.
Para dificultar ainda mais o trabalho, o DNA de fósseis muito antigos em geral é obtido junto com muitas sequências genéticas bacterianas, e é extremamente trabalhoso fazer a separação da amostra. Ao final, os cientistas conseguiram extrair mais de 1 milhão de bases de DNA, o equivalente a cerca de 0,03% do genoma do hominídeo. "Apenas 4% desse DNA, porém, continha fragmentos de genes", afirma Noonan.
O seqüenciamento obtido ainda é pequeno para que alguém afirme de cara alguma coisas sobre características físicas dos neandertais, mas é possível especular sobre, por exemplo, a cor do cabelo da espécie.
"Nas seqüências que obtivemos há mutações conhecidas no genoma humano que influenciam a cor de cabelo. Muitos pesquisadores acreditam que esses hominídeos eram ruivos, mas não há fósseis capazes de comprovar isso. À medida que obtivermos mais seqüências, poderemos conseguir." diz Noonan.
Pääbo declarou à revista "Nature" que pretende mesmo seqüenciar "uma grande parte" do DNA neandertal, ainda que seja improvável a obtenção de um genoma completo ou quase completo. Os novos resultados foram apresentados em palestra na última sexta-feira, no laboratório de Cold Spring Harbor, em Nova York, e veio a público ontem por meio de uma reportagem no site da "Nature".
Casamento improvável
A análise confirmou a data de divergência evolutiva entre humanos modernos e neandertais que já havia sido estimada pelo DNA mitocondrial: cerca de 315 mil anos, deduzida desta vez a partir de fragmentos do cromossomo masculino, o Y.
O novo trabalho de Pääbo também traz ainda mais peso a uma das teorias sobre os cruzamentos entre humanos modernos e Neandertais. O DNA mitocondrial apontava que o genoma humano não tem traço neandertal, e o cromossomo Y reforça tal noção. "Pouquíssimas pessoas ainda acreditam nisso", diz Noonan.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre seqüência de DNA
Grupo faz "projeto genoma" do neandertal
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da Folha de S.Paulo
Um grupo de cientistas isolou e seqüenciou pela primeira vez trechos de DNA contidos no núcleo de células do neandertal, hominídeo que viveu entre 300 mil e 30 mil anos atrás. O trabalho recém-divulgado pode ser considerado o início de um "projeto genoma" para essa espécie extinta de hominídeo, já que os genes seqüenciados até o ano passado não tinham muita relevância funcional.
Os dados foram obtidos pelo paleogeneticista Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, e colaboradores. As amostras usadas vieram de um homem neandertal que morreu cerca de 45 mil anos atrás. Os segmentos obtidos podem ser os primeiros a revelar traços físicos da espécie como cor de cabelo e tamanho do intestino.
O grande mérito do trabalho foi ter conseguido extrair DNA do núcleo de células, feito considerado extraordinário já que se trata de uma amostra de material genético com dezenas de milhares de anos. Pääbo já havia seqüenciado diversos fragmentos de genoma neandertal, mas todos pertenciam ao DNA das mitocôndrias, estruturas celulares responsáveis por processar energia.
"O material genético degrada muito com a passagem do tempo, e só existem duas cópias de DNA nuclear dentro de cada célula, enquanto há milhares de cópias de DNA mitocondrial", disse à Folha James Noonan, pesquisador do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos EUA, que participou do estudo.
Para dificultar ainda mais o trabalho, o DNA de fósseis muito antigos em geral é obtido junto com muitas sequências genéticas bacterianas, e é extremamente trabalhoso fazer a separação da amostra. Ao final, os cientistas conseguiram extrair mais de 1 milhão de bases de DNA, o equivalente a cerca de 0,03% do genoma do hominídeo. "Apenas 4% desse DNA, porém, continha fragmentos de genes", afirma Noonan.
O seqüenciamento obtido ainda é pequeno para que alguém afirme de cara alguma coisas sobre características físicas dos neandertais, mas é possível especular sobre, por exemplo, a cor do cabelo da espécie.
"Nas seqüências que obtivemos há mutações conhecidas no genoma humano que influenciam a cor de cabelo. Muitos pesquisadores acreditam que esses hominídeos eram ruivos, mas não há fósseis capazes de comprovar isso. À medida que obtivermos mais seqüências, poderemos conseguir." diz Noonan.
Pääbo declarou à revista "Nature" que pretende mesmo seqüenciar "uma grande parte" do DNA neandertal, ainda que seja improvável a obtenção de um genoma completo ou quase completo. Os novos resultados foram apresentados em palestra na última sexta-feira, no laboratório de Cold Spring Harbor, em Nova York, e veio a público ontem por meio de uma reportagem no site da "Nature".
Casamento improvável
A análise confirmou a data de divergência evolutiva entre humanos modernos e neandertais que já havia sido estimada pelo DNA mitocondrial: cerca de 315 mil anos, deduzida desta vez a partir de fragmentos do cromossomo masculino, o Y.
O novo trabalho de Pääbo também traz ainda mais peso a uma das teorias sobre os cruzamentos entre humanos modernos e Neandertais. O DNA mitocondrial apontava que o genoma humano não tem traço neandertal, e o cromossomo Y reforça tal noção. "Pouquíssimas pessoas ainda acreditam nisso", diz Noonan.
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