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19/05/2006 - 14h02

Rússia cria banco de cérebros e corpos congelados

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ARMANDO PÉREZ
da Efe, Moscou

A Rússia criou seu primeiro banco de cérebros e corpos humanos congelados para atender às pessoas que acreditam que no futuro poderão voltar a viver com o progresso da ciência.

"A maior parte das pessoas que vivem hoje em dia têm possibilidades de alcançar a imortalidade", afirma a empresa russa KrioRus em seu site (kriorus.ru, em russo).

Com sede em Alabúshevo, pequena localidade nos arredores de Moscou, esta empresa congela cérebros humanos e os mantém conservados em contêineres cheios de nitrogênio líquido, pelo preço de US$ 9.000. mais uma anuidade de US$ 500.

O banco conta com uma instalação de liquefação de nitrogênio com contêineres especiais de aço nos quais já estão sendo conservados os cérebros de dois clientes, disse Danil Medvédev, diretor da KrioRus, ao jornal "Komsomolskaya Pravda".

O primeiro cérebro era de Lidia Fedorenko, que era professora de matemática em São Petersburgo e morreu aos 79 anos, após um ataque cardíaco. O segundo é de um homem de 60 anos, um rico comerciante russo com cidadania suíça.

O site da KrioRus informa que o pacote de congelamento (em até 78 graus abaixo de zero) de um corpo humano completo custa US$ 49.000. Essa opção inclui o transporte do corpo para o Cryonics Institute de Michigan, Estados Unidos, que conta com as melhores instalações para a conservação a baixas temperaturas e onde serão guardados os corpos dos russos congelados pela KrioRus.

A criobiologia estuda o comportamento de organismos à baixas temperaturas, enquanto a crioconservação é a tecnologia que permite conservar o material biológico em um determinado estado que permite seu uso em transplantes na reprodução assistida.

Na temperatura do nitrogênio líquido (196 graus centígrados negativos) as reações bioquímicas dos tecidos ficam paralisadas e não acontecem processos biológicos que possam causar a degradação ou o envelhecimento.

Esperança

O desenvolvimento destes ramos da ciência e da tecnologia criou a esperança de que no futuro poderão ser realizados projetos que hoje em dia não passam de hipóteses de ficção científica.

A criação de computadores com cérebros humanos, a recuperação de lembranças de pessoas mortas a partir da clonagem de seu tecido cerebral e até a reanimação ou a "reconstrução" de indivíduos cujos corpos foram congelados durante anos são algumas das possibilidades.

Na Rússia, a legislação permite que as pessoas tenham total poder sobre o seu próprio corpo, o que torna legal a conservação de órgãos e de corpos humanos congelados.

A KrioRus, afirma em seu site que, "de acordo com as previsões atuais, a ressurreição já será possível entre 2030 e 2050". A entidade diz ainda que, por enquanto, não existem tecnologias de ressurreição de cérebros ou cadáveres humanos e que o prazo de conservação destes organismos no banco russo depende do cliente.

Quanto aos riscos, Sviatosláv Medvédev, diretor do Instituto de Medicina Cerebral da Rússia, afirmou que as informações do cliente poderiam ser perdidas se as células cerebrais morrerem antes do congelamento.

Já Nikolai Shubin, chefe do Centro de Criobiologia da Rússia, coloca em dúvida os serviços que oferece a KrioRus, pois, ainda não é possível realizar em laboratório os processos de congelamento e reanimação de corpos humanos.

Porém, tanto na Rússia como em outros países, aumentam cada vez mais as esperanças de que um dia a ciência das baixas temperaturas domine a tecnologia da morte e da ressurreição, o que seria a chave para a imortalidade.

Já existem centros criônicos nos Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia, Reino Unido, Dinamarca, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia e Japão. Já são mais de 200 bancos de órgãos humanos e corpos inteiros que aguardam congelados o dia em que poderão voltar à vida.

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