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25/05/2006
-
10h56
RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo
Um teste capaz de dizer se uma pessoa infectada por HIV irá desenvolver Aids ou terá uma vida saudável mesmo sem tratamento com antivirais será posto à prova no Brasil. O teste foi criado pelo francês Jean Claude Chermann, um dos descobridores do vírus e pioneiro no uso de drogas contra a doença. Ele fez anteontem uma palestra em São Paulo sobre HIV, a convite de seus parceiros no Brasil, da clínica RDO Diagnósticos Médicos.
Em 1983 Chermann e outros colegas, como Luc Montagnier, publicaram a descoberta do vírus em artigo na revista científica americana "Science". "Faz mais de vinte anos e os métodos clássicos para combater o vírus falharam", disse ele em entrevista antes da palestra.
"Os outros vírus são como motos, esse é um carro de Fórmula 1, que tem múltiplas facetas e muda constantemente", diz Chermann, pesquisador do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica (Inserm), em Marselha, sul da França.
O HIV ataca células do sistema imune, de defesa do organismo. Como existem inúmeras linhagens do vírus, os cientistas precisam descobrir algo em comum entre eles para combater. "É como uma conferência cheia de gente. O que elas têm em comum e que permite que estejam ali na sala? O crachá", afirma o pesquisador.
"Achar o crachá do vírus", compartilhado por todas as linhagens, permitiria que ele fosse mais bem combatido.
O anticorpo por trás do novo teste pode dar uma resposta. Há quinze anos Chermann e colegas estudam um grupo de cerca de 500 pessoas que não desenvolveram a doença e têm um anticorpo neutralizador do vírus, batizado anti-R7V.
O teste seria tecnicamente simples, semelhante aos que já existem. A presença do anti-R7V no organismo indicaria que a pessoa infectada com o vírus não chegaria ao estágio "progressor", de desenvolver a Aids. Se o paciente continua sem sintomas por mais de dez anos, ele é considerado "não-progressor". Há indicações de que uma em cada quatro pessoas infectadas poderia ser não-progressora.
Os anticorpos anti-R7V conseguem neutralizar todas as linhagens de HIV. Novas drogas antivirais poderão causar alívio temporário na epidemia, mas eventualmente o HIV desenvolveria resistência a ela. Chermann defende um novo tipo de tratamento, baseado em anticorpos do tipo do anti-R7V, como precursor de novas vacinas terapêuticas ou preventivas.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Aids
Teste estima risco para portadores de HIV
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da Folha de S.Paulo
Um teste capaz de dizer se uma pessoa infectada por HIV irá desenvolver Aids ou terá uma vida saudável mesmo sem tratamento com antivirais será posto à prova no Brasil. O teste foi criado pelo francês Jean Claude Chermann, um dos descobridores do vírus e pioneiro no uso de drogas contra a doença. Ele fez anteontem uma palestra em São Paulo sobre HIV, a convite de seus parceiros no Brasil, da clínica RDO Diagnósticos Médicos.
Em 1983 Chermann e outros colegas, como Luc Montagnier, publicaram a descoberta do vírus em artigo na revista científica americana "Science". "Faz mais de vinte anos e os métodos clássicos para combater o vírus falharam", disse ele em entrevista antes da palestra.
"Os outros vírus são como motos, esse é um carro de Fórmula 1, que tem múltiplas facetas e muda constantemente", diz Chermann, pesquisador do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica (Inserm), em Marselha, sul da França.
O HIV ataca células do sistema imune, de defesa do organismo. Como existem inúmeras linhagens do vírus, os cientistas precisam descobrir algo em comum entre eles para combater. "É como uma conferência cheia de gente. O que elas têm em comum e que permite que estejam ali na sala? O crachá", afirma o pesquisador.
"Achar o crachá do vírus", compartilhado por todas as linhagens, permitiria que ele fosse mais bem combatido.
O anticorpo por trás do novo teste pode dar uma resposta. Há quinze anos Chermann e colegas estudam um grupo de cerca de 500 pessoas que não desenvolveram a doença e têm um anticorpo neutralizador do vírus, batizado anti-R7V.
O teste seria tecnicamente simples, semelhante aos que já existem. A presença do anti-R7V no organismo indicaria que a pessoa infectada com o vírus não chegaria ao estágio "progressor", de desenvolver a Aids. Se o paciente continua sem sintomas por mais de dez anos, ele é considerado "não-progressor". Há indicações de que uma em cada quatro pessoas infectadas poderia ser não-progressora.
Os anticorpos anti-R7V conseguem neutralizar todas as linhagens de HIV. Novas drogas antivirais poderão causar alívio temporário na epidemia, mas eventualmente o HIV desenvolveria resistência a ela. Chermann defende um novo tipo de tratamento, baseado em anticorpos do tipo do anti-R7V, como precursor de novas vacinas terapêuticas ou preventivas.
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