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26/05/2006 - 10h58

Cientistas divergem sobre aumento da intensidade dos furacões

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da Efe, em Washington

Comprar uma casa em frente às praias de Cancún, no México, ou no estado da Flórida, nos EUA, não parece tão atrativo quanto há algum tempo, graças ao aumento da freqüência e da intensidade dos furacões.

Os cientistas ainda não chegaram a uma conclusão sobre o assunto, mas sabem que os ciclones de hoje são mais poderosos do que os do passado, e que a temperatura da água na superfície dos oceanos subiu ao longo dos anos.

"Existe a crença de que esta mudança de intensidade está diretamente associada à mudança na temperatura do mar", disse Carlos Hoyos, cientista colombiano do Instituto de Tecnologia da Geórgia.

As divergências começam justamente aí, pois uma parte da comunidade científica responsabiliza o ser humano e acredita que o aquecimento global, provocado pelas emissões de dióxido de carbono, elevou a temperatura nos mares.

Outro grupo afirma que o aquecimento na superfície dos mares é parte de um ciclo natural. Segundo Hoyos, todos concordam que o maior nível de atividade de furacões "vai continuar pelo menos durante a próxima década".

O maior ciclone da última temporada foi o Katrina, que arrasou Nova Orleans e causou prejuízos da ordem de US$ 80 bilhões.

No entanto, este furacão não foi um caso isolado, já que duplicou o número de ciclones que alcançaram as categorias quatro e cinco (as maiores na escala Saffir-Simpson) nos últimos 35 anos, segundo um estudo realizado pela equipe de Hoyos.

Em 2005, aconteceram 28 tempestades tropicais no Atlântico, sendo que quatro delas viraram furacões de categoria cinco, um novo recorde.

O mexicano Martin Medina-Elizalde, da Universidade da Califórnia, explicou que o número de furacões não aumentará nos próximos anos, porém eles serão mais fortes. A razão disso é que os ciclones contam com um núcleo movido pela água quente, considerado o seu combustível.

A temperatura da superfície dos mares nos trópicos aumentou 0,6ºC desde 1970, o que pode parecer pouco. No entanto, sobre uma grande extensão é uma quantidade muito maior de líquido que pode ser absorvido pelos ventos circulares do furacão.

Medina-Elizalde e seus companheiros no programa de Ciências Marinhas da Universidade da Califórnia acreditam ter demonstrado que o aumento de temperatura dos oceanos é produto da fumaça liberada pelas fábricas e pelos escapamentos dos automóveis.

Após analisar o ar contido no gelo, a equipe do pesquisador concluiu que o nível atual de dióxido de carbono na atmosfera é o maior nos últimos 650 mil anos.

No entanto, o grupo não convenceu todos os céticos, muitos dos quais ocupam altos cargos no NHC (Centro Nacional de Furacões) e na NOAA (Administração Nacional para os Oceanos e a Atmosfera), do governo dos EUA.

O assunto é muito polêmico, pois os Estados Unidos são o país que mais contribui para a atual situação.

Assim que chegou à Casa Branca em 2001, George W. Bush retirou a assinatura de seu país do Protocolo de Kyoto, que restringe as emissões de gás para a atmosfera, com o argumento de que ainda não está provado que a causa do aquecimento global é a ação humana, além de afirmar que o tratado prejudica o crescimento econômico.

"É bem possível a influência política no pensamento de alguns cientistas", disse Hoyos. No entanto, a Organização Mundial de Meteorologia também não se arrisca a explicar a causa de os furacões ganharem força nos últimos tempos.

O secretário-geral da entidade, Michel Jarraud, afirmou que ainda não existe evidência de que a "excepcional devastação dos últimos anos" esteja relacionada ao aquecimento do planeta.

Os cientistas esperam poder contar com provas mais definitivas nos próximos anos, pois até agora não foram feitos muitos estudos sobre o tema, segundo Medina-Elizalde.

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