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11/12/2000 - 08h48

Pesquisadores descobrem fósseis falsos

da Folha de S.Paulo

Polêmicas recentes sobre interpretação de fósseis esquentam o ambiente paleontológico. A primeira delas envolve um fóssil que estava quase esquecido num museu russo, agora reestudado.

Para alguns pesquisadores, como Terry Jones e John Ruben, da Universidade do Estado de Oregon, e Alan Feduccia, da Universidade da Carolina do Norte, ambas dos EUA, o Longisquama insignis, um bicho que viveu 220 milhões de anos atrás, era um réptil com penas. Ou seja, ele poderia ir contra a hipótese de as aves descenderem dos dinossauros.

O Longisquama pertenceria a um grupo de répteis, os arqueossauros ou arcossauros, que seria ancestral comum tanto dos dinossauros como dos crocodilos e das aves.

Ele usaria as penas para deslizar sobre os galhos, mas não teria nenhuma musculatura que tornasse possível o vôo.

Cientistas canadenses estudaram mais uma vez o Longisquama e a conclusão foi que aquilo que parece ser pena na verdade seria escama, afirmam Robert Reisz, da Universidade de Toronto, e Hans-Dieter Sues, do Museu Real Ontário de Toronto.

Sues explica que penas são estruturas muito finas, mas que no fóssil as marcas têm profundidade, como se fosse algo com muito mais solidez.
Mas esse não foi o único caso de controvérsia por causa da interpretação de um fóssil. Houve um caso mais curioso ainda.

Um fóssil que parecia ter o corpo de um pássaro com um rabo de dinossauro foi mostrado em uma entrevista coletiva, em outubro de 1999, pela prestigiosa Sociedade Geográfica Nacional dos EUA, que publica a famosa revista "National Geographic".

O bicho batizado Archaeoraptor liaoningensis, estudado entre outros por Xing Xu, parecia ser um "elo perdido" na evolução dinossauro-pássaro.

Depois, um comitê convocado para estudar o mistério _do qual Sues fez parte_ descobriu que eram dois bichos distintos, que tinham sido colocados juntos, possivelmente pelos fazendeiros chineses que acharam o fóssil.

Como rabos compridos em fósseis conseguem bons preços, é provável que uma cauda tenha sido colada no fóssil para torná-lo mais atraente aos cientistas _e mais valioso.

Mais montagens

Uma terceira polêmica está relacionada a um respeitado museu britânico que descobriu que é falso o fóssil de um réptil marinho que exibe há 116 anos.

Especialistas do Museu Nacional do País de Gales, em Cardiff, a capital, concluíram que o esqueleto do réptil marinho identificado até então como sendo de um único Icthyosaurus era uma montagem de ossos de dois tipos diferentes de criaturas marinhas, com algumas partes feitas totalmente de gesso.

O crânio pertencera a um Icthyosaurus communis, e o restante do esqueleto, a uma criatura similar, o Leptonectes tenuirostris.
"Foi um tremendo choque descobrir que a criatura não era a mesma que pensávamos", afirmou Caroline Buttler, curadora do museu.

A espécie viveu no período jurássico há 200 milhões de anos. O falso fóssil foi doado ao museu por um colecionador chamado Samuel Allen, em 1884. O engodo só foi descoberto durante um trabalho de restauração.

A administração do museu tenta agora descobrir detalhes sobre a vida do misterioso Samuel Allen, mas já decidiu que continuará a exibir o réptil falso como exemplo de um logro vitoriano.

(RICARDO BONALUME NETO E JOSÉLIA AGUIAR)
 

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