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08/11/2006 - 09h01

China será maior emissor global de carbono em 2009

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da Folha de S.Paulo

Um dia depois do início da conferência internacional sobre mudança climática de Nairóbi, a IEA (Agência Internacional de Energia) divulgou um cenário sombrio para o planeta: a demanda global por energia deve crescer 53% até 2030, e mais de 70% desse crescimento virá de países do Terceiro Mundo, como a Índia e a China. Esta deverá passar os EUA como maior emissor de gás carbônico do planeta em 2009 --uma década antes do previsto.

Os dados são do relatório "World Energy Outlook 2006", lançado ontem em Londres pela IEA. O documento prevê que o crescimento econômico chinês, movido a carvão mineral para geração de eletricidade, tornará a China o principal contribuidor para o aquecimento global.

O carvão é o mais "sujo" dos combustíveis fósseis, principais responsáveis pelas emissões de gás carbônico (CO2), que aquecem o planeta além do normal.

A demanda por outros combustíveis fósseis, como o petróleo, também cresce de forma acelerada: a sede global de petróleo, que em 2005 era de 84 milhões de barris por dia, deve chegar a 116 milhões de barris por dia em 2030.

Segundo Claude Mandil, diretor-executivo da agência, o relatório "revela que o futuro energético que encaramos hoje, baseado nas tendências atuais, é sujo, inseguro e caro".

Os dados devem esquentar as já tensas negociações que se desenrolam até o dia 17 em Nairóbi sobre o futuro regime internacional de combate às emissões de gases de efeito estufa. Os negociadores de 180 países reunidos no Quênia precisam definir um acordo que dê continuidade ao Protocolo de Kyoto, cujo primeiro período se encerra em 2012.

Pelo acordo de Kyoto, os países industrializados se comprometem a reduzir coletivamente suas emissões de gases-estufa em 5,2% em relação aos níveis de 1990. Há pressões fortes desses países, em especial dos EUA, para que nações do Terceiro Mundo, que foram desobrigadas de metas de redução em Kyoto, passem a ser obrigadas a adotar compromissos após 2012.

O bloco dos gigantes subdesenvolvidos rejeita metas, argumentando que a responsabilidade histórica pelo problema é do mundo industrializado --onde, de resto, estão as maiores emissões per capita. Com seu 1,3 bilhão de habitantes, a maioria na zona rural, mesmo se chegar aos 7 bilhões de toneladas de CO2 projetadas para 2009 (igualando os EUA), a China ainda emitirá por habitante um quinto do que emitem os Estados Unidos, com 300 milhões de pessoas.

Solução nuclear

Uma das formas de resolver o problema apontadas pelo relatório é investir em eficiência energética e em energias alternativas, como os biocombustíveis --o papel do Brasil neste aspecto é destacado pela IEA.

Outra maneira é investir em energia nuclear, citada como uma forma "barata" de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e as emissões de gás carbônico, desde que subsidiada pelos governos. A capacidade de geração nuclear poderia subir de 368 gigawatts em 2005 para 519 gigawatts em 2030.

"Isso é 'hype'. Fico espantado que isso tenha entrado no relatório", disse à Folha o secretário de Estado de Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg. Grande especialista em energia, Goldemberg é opositor histórico da opção nuclear. "A meu ver, o renascimento nuclear é estimulado pela administração Bush, que deu subsídio forte [a essa energia]."

Segundo Goldemberg, para que esse tipo de energia fosse eficiente contra o aquecimento global, seria necessária a construção de 104 reatores por ano. "São dois novos reatores por semana. Você está brincando."

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