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21/12/2006 - 10h34

Bactéria influi em obesidade, aponta estudo

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RICARDO BONALUME NETO
da Folha de S.Paulo

A obesidade pode, de fato, ser contagiosa. Há meses se divulgou que alguns vírus podem afetar as células de gordura. Agora, novos resultados de pesquisa confirmaram o que já se suspeitava: que bactérias podem influenciar as chances de uma pessoa ser magra ou gorda.

É o caso dos trilhões de micróbios da flora intestinal. Pesquisas nos EUA mostraram que gordos e magros têm proporções diferentes de dois grupos básicos de bactérias. E estudos com camundongos mostram que a obesidade pode ser "contagiosa". Quando os micróbios ligados a ela foram transplantados para camundongos sem bactérias --e magros--, a sua gordura corporal aumentou.

Mas, antes que os gordinhos corram atrás de antibióticos, é preciso ressaltar que o achado é apenas mais um fator a contribuir para o aumento de peso.

Não há dúvida entre os cientistas de que é a maior disponibilidade de comida altamente calórica e o aumento do sedentarismo que têm causado a atual epidemia de obesidade em todo o planeta.

Há dois grupos básicos de bactérias benéficas no trato gastrointestinal: os chamados firmicutes e os os bacteroidetes. Elas ajudam o organismo humano a digerir alimentos que de outra forma não seriam aproveitados.

A equipe de Jeffrey Gordon, da Escola de Medicina da Universidade Washington, de Saint Louis, Missouri (EUA), mostrou que, entre obesos, a proporção de bacteroidetes, que são menos eficientes que os firmicutes na digestão, é menor do que entre pessoas magras.

"Nossas descobertas sugerem que a obesidade tenha um componente microbial, que pode ter implicações terapêuticas potenciais", escreveram Gordon e colegas em artigo na edição de hoje da revista científica "Nature" (www.nature.com).

O estudo mostrou também que, se a pessoa perde peso graças a dietas de baixa caloria, a proporção de bacteroidetes passa a aumentar. "Nós não sabemos como as bactérias sabem se elas estão em um hospedeiro obeso ou magro. Essa é uma questão-chave. E, talvez ainda mais importante, nós não sabemos porque a bactéria no hospedeiro é mais eficiente do que em pessoas ou em camundongos magros", disse à Folha o pesquisador Randy Seeley, da Universidade de Cincinnati, da cidade com o mesmo nome no Estado de Ohio, EUA.

Seeley e Matej Bajzer fizeram um comentário sobre a descoberta da equipe de Gordon, também publicado na mesma edição da "Nature".

Como esse tipo de mecanismo surgiu também ainda é algo misterioso. "De uma perspectiva evolutiva, se o seu corpo pudesse dizer às suas bactérias para se tornarem mais eficientes, isso seria muito útil se você estivesse em perigo de morrer de fome", afirma Seeley.

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