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08/02/2007 - 09h46

Cientista dinamarquesa "mata" e "ressuscita" luz

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RAFAEL GARCIA
da Folha de S.Paulo

Um trio de físicos anuncia hoje ter conseguido fazer um feixe de luz sumir e reaparecer em outro lugar no espaço. O experimento, bolado no laboratório da cientista dinamarquesa Lene Hau, na Universidade Harvard, é o mais novo truque da física quântica feito com auxílio dos chamados condensados de Bose-Einstein, ou BECs (na sigla em inglês).

Esses objetos são aglomerados de matéria resfriados a temperaturas tão baixas que se comportam como um novo e singular estado da matéria. Todos os seus átomos agem coordenadamente, como se fossem um único "superátomo".

Hau já havia conseguido, há dois anos, fazer um pulso de laser desacelerar e parar dentro de um condensado de Bose-Einstein de sódio. Agora ela anuncia que pode "ressuscitar" a mesma luz que havia aniquilado --um feixe com as mesmas características daquele que havia sido congelado-- em um outro bloco de condensado.

"Fizemos isso criando uma "cópia" do pulso de luz feita de matéria, que pôde então viajar no espaço livre entre os dois condensados", disse Hau à Folha. "Quando ela entra no segundo condensado, podemos reavivar o pulso de luz."

Em estudo na revista "Nature" (www.nature.com), Hau descreve como um átomo contendo a informação luminosa viajou entre os dois condensados por 16 centésimos de milímetro. Pode parecer pouco, mas na verdade é uma longa distância do ponto de vista da física quântica. "E a distância, neste caso, não importa", explica a pesquisadora. "O importante é que não havia comunicação entre os dois BECs."

A maior contribuição do truque de Hau para a ciência é ajudar os físicos a compreenderem melhor a natureza quântica. Mas engana-se quem pensa que o experimento não terá aplicações práticas.

Códigos e computadores

"Nosso trabalho é financiado pela Força Aérea dos EUA, pela Nasa e pela Fundação Nacional de Ciência, por causa de seu potencial de aplicação a longo prazo", diz a pesquisadora. No horizonte do laboratório de Hau estão a criptografia (criação de informação para transmissão em códigos secretos) e a computação quântica, o "Santo Graal" da informática.

Computadores quânticos, por enquanto, existem apenas em teoria. Mas, se os cientistas forem capazes de fabricá-los (e uma legião de físicos acredita ser possível), serão máquinas com o poder de processamento maior que o de qualquer supercomputador atual.

Isso seria possível porque bits de informação quântica, diferentemente dos bits que compõem a informação nos computadores comuns, processariam mais de um dado ao mesmo tempo.

O problema é que ninguém inventou ainda uma maneira prática de manter e manipular esses bits. Hau e outros pesquisadores acreditam que usar luz para isso, em vez de eletricidade, pode ser o caminho correto. O que ela tenta agora é encontrar brechas para imaginar como isso poderia ser feito.

"Nós convertemos um pulso de luz em uma "cópia" de matéria, e matéria é muito mais fácil de manipular do que luz", diz.

"Com esses experimentos, nós estamos chegando ao ponto em que poderemos formar uma unidade de processamento, em vez de apenas enviar informação e armazená-la. Poderemos começar a manipulá-la e processá-la."

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