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23/03/2007 - 12h16

Sul-coreanos voltam às pesquisas com células-tronco após fraude

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da Efe, em Tóquio

Os pesquisadores sul-coreanos poderão utilizar novamente células-tronco embrionárias em seus estudos, para tentar recuperar o prestígio perdido após o escândalo mundial gerado pela fraude de clonagem cometida por um importante cientista do país.

Em janeiro de 2006, uma comissão de pesquisa da Universidade de Seul confirmou que o cientista sul-coreano Hwang Woo-suk, considerado referência mundial na clonagem de células-tronco embrionárias, falsificou os experimentos que o tornaram famoso.

Hoje, o Comitê de Ética na Genética da Coréia do Sul, formado por 14 especialistas civis e outros sete nomeados pelo governo, decidiu suspender o veto a este tipo de pesquisa, com a condição de que sejam utilizados apenas óvulos descartados de inseminações artificiais, segundo a agência local Yonhap.

A fraude cometida por Hwang abalou a confiança científica da Coréia do Sul, que tinha alcançado a liderança em nível internacional na pesquisa de clonagem. O cientista chegou a ser nomeado diretor do primeiro banco mundial de células-tronco, criado pela Coréia do Sul em outubro de 2005.

Desde que Hwang caiu em desgraça, a Coréia do Sul tinha interrompido as pesquisas com células-tronco. Mas, na reunião de hoje, foi aprovado um projeto para impulsionar novamente os estudos genéticos, que contará com verba de US$ 908 milhões para 2007. A decisão foi apoiada pelo ministro de Ciência e Tecnologia sul-coreano, Kim Woo-shik.

Os detalhes sobre a utilização de óvulos serão determinados em uma emenda que será revisada em breve, para estabelecer um sistema que garanta a ética nos estudos genéticos.

A história da clonagem com fins terapêuticos no país está ligada ao professor Hwang Woo-souk, que, em fevereiro de 2004, anunciou que tinha conseguido clonar 30 embriões a partir de 242 óvulos procedentes de 16 mulheres.

A notícia teve grande repercussão mundial e colocou Hwang nas páginas dos principais veículos de comunicação, incluindo a revista americana "Science".

Mas, na verdade, a equipe de Hwang nunca conseguiu clonar células-tronco, apesar de ter utilizado cerca de 2.000 óvulos para os experimentos, alguns deles procedentes de colaboradoras de sua equipe.

O uso de métodos pouco éticos gerou grande polêmica na comunidade científica sul-coreana, e foi formada uma comissão de especialistas para estudar as questões morais, econômicas e tecnológicas envolvidas nas pesquisas genéticas.

Após uma investigação, os membros da comissão confirmaram que as conquistas de Hwang na obtenção de células-tronco embrionárias eram falsas, mas admitiram que a primeira clonagem de um cachorro feita pela equipe do cientista, um galgo afegão chamado Snuppy, teve sucesso.

Caso fossem verdadeiros, os experimentos de Hwang teriam aberto grandes perspectivas para o tratamento de doenças incuráveis, como a aids, o mal de Parkinson e o diabetes.

Apesar do escândalo e das críticas sobre a falta de ética do cientista, ele nunca admitiu que tivesse cometido fraude até ser chamado a julgamento.

Hwang Woo-suk tenta retomar suas pesquisas, enquanto espera a conclusão do julgamento de seu caso, no qual foi acusado de mau uso de dinheiro público e violação da lei de bioética.

No entanto, o professor sul-coreano não está sozinho, pois ainda há no país um grupo de seguidores que querem que ele recupere o crédito perdido, certos de que os avanços obtidos por sua equipe foram reais.

Os seguidores de Hwang, que fizeram uma manifestação hoje no centro de Seul para exigir que seja permitido ao cientista provar a validade de suas técnicas, alegam que os relatórios que abalaram a carreira do pesquisador não têm base científica, e que ele deveria continuar seus estudos.

Especial
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