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19/12/2000 - 17h48

Grã-Bretanha autoriza clonagem terapêutica e provoca polêmica

da France Presse
em Londres

O parlamento britânico aprovou hoje por 336 votos contra 174 a proposta do governo do premier Tony Blair de autorizar a clonagem de embriões humanos com fins terapêuticos.

O governo trabalhista surpreendeu em agosto passado ao anunciar que queria autorizar os cientistas a tentarem clonar embriões humanos para utilizar suas células como "reposições" para tratar de enfermidades incuráveis como o mal de Parkinson, Alzheimer ou Huntington.

Desde 1990 a legislação britânica permite a criação de embriões para a
pesquisa, com um limite de 14 dias para seu uso. Somente para lutar contra problemas de esterilidade.

Há três anos, Grã-Bretanha apresentou ao mundo a ovelha clonada Dolly, este novo passo tenta manter o pioneirismo da nação na área científica.

Tecnicamente, poucos aspectos separam a clonagem terapêutica _destinada a tratar de doenças incuráveis_ da reprodutiva, que permite fabricar a cópia de um ser humano.

"Nos dois casos, a técnica é a mesma mas os objetivos diferem", disse o especialista francês Axel Kahn.

"A clonagem reprodutiva é ilegal e continuará sendo", afirmou o governo britânico.

Se os deputados ratificarem sua proposta, os cientistas britânicos vão poder tentar clonar embriões humanos para utilizar algumas de suas células como "peças de reposição" para o tratamento de enfermidades incuráveis (Alzheimer, Parkinson, Huntington).

Muito clara nesta questão, a lei britânica já permitia desde 1990 a criação de embriões para a pesquisa, com um limite de prazo de utilização de 14 dias.

Mas com esta autorização, "superamos mais uma etapa, considerando o embrião como uma fábrica de medicamentos", disse Noelle Lenoir, a presidente do comitê europeu de ética.

Uma etapa julgada "moralmente inaceitável" por alguns, entre eles o Papa João Paulo 2º ou associações contrárias ao aborto, estimando que o embrião é uma pessoa.

"O embrião é um ser humano potencial mas ainda não é uma pessoa: falta-lhe um sistema neurológico diferenciado que o caracteriza", informou o professor Ian Wilmut, "pai" da ovelha Dolly.

Segundo ele, a utilização de células de embriões "pode oferecer enormes possibilidades de cura para doenças como diabetes, infarto, cirrose do fígado e a doença de Parkinson".

De fato, em todo o mundo, associações de doentes pressionam para que avancem as pesquisas que, em geral, representam sua única esperança de desfrutar algum dia de uma vida normal ou simplesmente de sobreviver.

Só na Grã-Bretanha, 120.000 pessoas padecem da doença de Parkinson e 1,4 milhão de diabetes, lembrou a secretária de estado britânica para a saúde.

"Do que podemos estar certos é que estes trabalhos vão avançar em outros países", informou o professor Richard Gardner, que preside uma das mais altas instâncias científicas britânicas, a Royal Society.

A França anunciou no final de novembro que autorizará "a pesquisa no embrião" para melhorar as técnicas de procriação assistidas e a busca de novos tratamentos.
 

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