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03/05/2007 - 09h54

Desmate evitado entra na conta do IPCC e pode favorecer Brasil

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CLAUDIO ANGELO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Bancoc

Uma das novidades do relatório que será apresentado amanhã em Bancoc interessa diretamente ao Brasil: pela primeira vez, o IPCC vai considerar a conservação de florestas e o desmatamento evitado como medidas de mitigação. E dá números: 550 milhões de toneladas de gás carbônico podem ser cortadas a um custo baixo ao reduzir o desmate só nas Américas do Sul e Central. A fatia do leão, aqui, cabe à Amazônia.

"A mensagem do AR4 [novo relatório do IPCC] é que, a curto prazo, os benefícios de mitigação de carbono a partir da redução do desmatamento são maiores que os benefícios resultantes do reflorestamento", disse à Folha Thelma Krug, secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente e membro do Conselho do IPCC. "Isso porque o desmatamento é a fonte mais importante de emissões relacionada ao setor florestal."

Isso é importante para o Brasil por um lado, já que dois terços das emissões do país vêm do desmatamento da floresta amazônica. No relatório anterior do IPCC, de 2001, o chamado desmatamento evitado ficou de fora, e também não entrou no Protocolo de Kyoto.

Um respaldo do painel do clima ao desmatamento evitado vem a calhar para a proposta brasileira, apresentada à Convenção do Clima, de criar um fundo voluntário para compensar os países tropicais que reduzirem a perda de carbono de suas florestas.

"A longo prazo, estratégias voltadas para o manejo sustentável de florestas, com vistas à manutenção ou ao aumento dos estoques de carbono florestal, gerarão os maiores benefícios de mitigação", diz Krug.

Isso também interessa ao governo brasileiro, que quer usar seus chamados distritos florestais sustentáveis na Amazônia (nenhum deles implementado) como trunfos.

Por outro lado, o texto do relatório do IPCC destaca a importância de mecanismos de mercado para comercializar --na forma de créditos-- o carbono que deixa de ir para a atmosfera dessa maneira. E o Brasil não quer nem ouvir falar de um mercado para isso, pois, segundo o governo, ele implicaria algum tipo de vigilância internacional sobre a floresta (para monitorar a preservação e garantir o valor dos papéis).

Com autoridade de quem participa do processo de Kyoto desde o início, Roberto Schaeffer, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), diz que a posição do governo vem suavizando sobre esse tema.

"Uma coisa é o que o governo pensa, outra é o que ele pode falar", afirma.

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