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Hubble dá evidência inesperada de matéria-fantasma no Universo
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da Folha de S.Paulo
Uma análise de uma fotografia do telescópio Hubble divulgada ontem oferece uma prova inesperada da existência da matéria escura, uma entidade cósmica que não emite luz nem nenhum tipo de radiação.
A figura, uma região do céu em forma de anel na qual as imagens de galáxias aparecem distorcidas, indica que esse material invisível existe por lá.
Nasa/ESA/JHU |
Anel de matéria escura (partes azuis da imagem), se formou após a colisão |
"É a evidência mais forte até agora da existência da matéria escura", diz o astrônomo Myungkook Jee, da Universidade Johns Hopkins (EUA), autor do trabalho. "É a primeira vez que detectamos matéria escura com estrutura única, diferente daquela do gás e das galáxias em seus aglomerados."
O anel se formou a partir da colisão de dois aglomerados de galáxias. No impacto, um deles arrancou um pedaço do outro, deixando no lugar apenas a matéria escura. Como ela não interage normalmente com a matéria comum, sobrevive à colisão como se fosse um fantasma atravessando uma parede.
Mas ela interage por meio da gravidade: sem a massa das galáxias para sustentar sua estrutura original, a matéria escura primeiro "implode" e depois se expande, em forma de anel.
A matéria escura é impossível de enxergar diretamente (daí o nome), mas responde por mais de 20% da composição do Universo e por 85% de sua massa. (Para comparação, a matéria comum, da qual são feitas as estrelas, os planetas e as pessoas, representa 4% do cosmo).
Ela é detectável por meio de distorções que sua gravidade provoca na luz de galáxias atrás dela. Foi assim que os cientistas inferiram sua presença no anel.
"É como olhar para os seixos no fundo de um lago com a água balançando na superfície", diz Jee. "A forma dos seixos parece mudar quando a ondulação passa sobre eles, assim como as galáxias por trás do anel."
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