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17/09/2000 - 11h33

Autoridades estão preocupadas com os efeitos do radônio

JOSÉ REIS
especial para a Folha

Nos Estados Unidos e em certos países europeus, as autoridades sanitárias e o público em geral revelam crescente preocupação com os efeitos que o radônio (elemento produzido com o decaimento natural do rádio) acumulado no interior das casas possa ter sobre a saúde e, em particular, sobre o percentual de incidência de casos de câncer.

Alguns autores, como R.H. Clarke e T.R.E. Southwood ("Nature", 338, 197), mostram-se muito alarmados e reclamam providências drásticas. Mas Philip H. Abelson, em editorial de "Science" (250, 353), manifesta ceticismo devido a incertezas confessadas nos próprios relatórios oficiais norte-americanos.

Para a população britânica e norte-americana, o radônio natural _que entra nas casas pela parte de baixo_ representa risco de radiação muito maior do que as emissões das instalações nucleares, respondendo hoje no Reino Unido por quase metade da média de exposição a radiações ionizantes.

Nos Estados Unidos, a EPA (Agência de Proteção Ambiental) prepara-se para lançar campanha nacional visando à maior conscientização pública quanto a esse problema, com particular atenção para os perigos da exposição ao radônio dentro de casa.

Parte do público já está exigindo conhecimento do grau de radônio nas propriedades que compra, segundo os índices fixados pela EPA, e investindo na execução de reformas necessárias para manter aquele nível.

Os especialistas do NRPB (National Radiological Protection Board), do Reino Unido, completaram sua mais recente avaliação das fontes de radiação e observaram que a exposição média total é de 2,2 milissieverts por ano; a parte que cabe à exposição ao radônio é de 1,2.

Nos Estados Unidos essas doses são de 3,6 e 2,0. O último levantamento do NRPB revela que o radônio é a mais forte fonte isolada de radiação para a população. Ele e seus derivados são emissores de partículas alfa, biologicamente mais ativas que as beta e gama. Dados ingleses mostram que o radônio apresenta risco de câncer pulmonar em trabalhadores das minas de urânio.

Afirmam Clarke e Southwood que, dependendo dos exatos fatores de risco aplicados, a exposição ao radônio no Reino Unido pode responder por 6% ou mais da incidência anual de câncer pulmonar (41 mil casos).

Pondera Abelson que os físicos sanitários se têm mostrado cada vez mais críticos do que julgam ser estimativas exageradas da EPA, cujo método de avaliação dá para o radônio interno resultados até quatro vezes superiores aos obtidos em observações anuais das áreas em que os residentes de fato vivem.

Segundo aquela agência, cerca de 20 mil cânceres pulmonares poderiam decorrer de exposições ao radônio. William K. Reilly, administrador da EPA, declarou em entrevista que as pessoas que vivem numa casa com a quantidade de radônio no ar de 4 picocuries por litro correm risco de câncer pulmonar superior ao decorrente do uso de meio maço de cigarros por dia.

Para justificar suas afirmações sobre o radônio, a EPA apóia-se especialmente em relatórios sobre incidência de câncer em mineiros, em particular o relatório BEIR-IV, no qual se encontra, todavia, a seguinte ressalva: "Em resumo, numerosas fontes de incerteza podem afetar substancialmente as projeções de risco da comissão; é impossível quantificar a extensão dessa incerteza associada a cada uma das fontes. Por isso, a comissão reconhece que a incerteza total em suas projeções de risco é grande".

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