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02/01/2001
-
20h34
da Folha de S.Paulo
Um grupo de pesquisadores de duas universidades norte-americanas pode estar a caminho de um novo tratamento para a impotência, tão eficiente quanto o Viagra e menos arriscado para quem tem problemas cardíacos.
Um estudo feito pela equipe e publicado na edição de janeiro da revista britânica "Nature Medicine" (http://medicine.nature.com) mostra que o bloqueio de uma proteína do corpo cavernoso (o tecido erétil do pênis) estimula o relaxamento das artérias do órgão, aumentando o fluxo de sangue e provocando ereção.
O Viagra, cujo princípio ativo é uma droga chamada sidenafil, funciona provocando a dilatação das artérias do pênis. Ele estimula a produção de óxido nítrico, uma substância que atua na comunicação entre as células. Até agora, achava-se que o óxido nítrico fosse a única substância envolvida no controle da ereção.
O novo estudo mostrou que é possível estimular a ereção de forma independente da ação do óxido nítrico, pela mão oposta: em vez de estimular a dilatação, impedir que as artérias se contraiam.
A diminuição do diâmetro das artérias é induzida por uma proteína chamada Rho-quinase. Ela atua estimulando uma outra proteína, a miosina, que provoca a contração das células da parede dos vasos sanguíneos.
Com os vasos contraídos, o fluxo sanguíneo para o corpo cavernoso é menor, inibindo a ereção.
Injetando no pênis de ratos um composto chamado Y-27632, que bloqueia a ação da Rho-quinase, os cientistas conseguiram impedir o trabalho da miosina, provocando o relaxamento das artérias e a ereção nos animais.
"O experimento mostra que a vasoconstrição desempenha um papel importante na circulação do pênis, e que é possível aumentar a pressão sanguínea no órgão apenas inibindo essa vasoconstrição", disse à Folha, por e-mail, o fisiologista Thomas M. Mills, da Escola Médica da Geórgia, coordenador do estudo.
"Essa é uma observação nova, que mostra a existência de um caminho (para a ereção) até então desconhecido", afirmou.
Segundo Mills, a descoberta do papel do inibidor da Rho-quinase foi feita por acaso. "Um membro do departamento de fisiologia da universidade estava pesquisando drogas contra a hipertensão e sugeriu que investigássemos o efeito da inibição da proteína no pênis."
Apesar de não ter se revelado eficiente no tratamento da hipertensão, o potencial uso do Y-27632 contra a impotência pode ser uma boa notícia para os pacientes com pressão alta.
Nos experimentos conduzidos por Mills e por Kanchan Chitaley, da Universidade de Michigan, o inibidor de Rho-quinase aumentou a pressão sanguínea no pênis dos roedores sem alterar a pressão arterial média.
É justamente esse o principal efeito colateral do sidenafil, e um dos motivos da restrição do Viagra aos hipertensos.
Mas os fãs da pílula azul não precisam ficar excitados: o novo tratamento levará anos até começar a ser testado em gente.
Os pesquisadores precisam, antes de tudo, descobrir uma maneira de limitar a ação do inibidor da Rho-quinase às artérias do pênis, já que a proteína ocorre em quase todas as células. "Nossos estudos usaram injeção no pênis como forma de veiculação da droga", disse Mills. "Precisamos descobrir um modo de administração que dê conta apenas do nosso alvo", afirmou.
Estudo sugere droga alternativa ao Viagra
CLAUDIO ANGELOda Folha de S.Paulo
Um grupo de pesquisadores de duas universidades norte-americanas pode estar a caminho de um novo tratamento para a impotência, tão eficiente quanto o Viagra e menos arriscado para quem tem problemas cardíacos.
Um estudo feito pela equipe e publicado na edição de janeiro da revista britânica "Nature Medicine" (http://medicine.nature.com) mostra que o bloqueio de uma proteína do corpo cavernoso (o tecido erétil do pênis) estimula o relaxamento das artérias do órgão, aumentando o fluxo de sangue e provocando ereção.
O Viagra, cujo princípio ativo é uma droga chamada sidenafil, funciona provocando a dilatação das artérias do pênis. Ele estimula a produção de óxido nítrico, uma substância que atua na comunicação entre as células. Até agora, achava-se que o óxido nítrico fosse a única substância envolvida no controle da ereção.
O novo estudo mostrou que é possível estimular a ereção de forma independente da ação do óxido nítrico, pela mão oposta: em vez de estimular a dilatação, impedir que as artérias se contraiam.
A diminuição do diâmetro das artérias é induzida por uma proteína chamada Rho-quinase. Ela atua estimulando uma outra proteína, a miosina, que provoca a contração das células da parede dos vasos sanguíneos.
Com os vasos contraídos, o fluxo sanguíneo para o corpo cavernoso é menor, inibindo a ereção.
Injetando no pênis de ratos um composto chamado Y-27632, que bloqueia a ação da Rho-quinase, os cientistas conseguiram impedir o trabalho da miosina, provocando o relaxamento das artérias e a ereção nos animais.
"O experimento mostra que a vasoconstrição desempenha um papel importante na circulação do pênis, e que é possível aumentar a pressão sanguínea no órgão apenas inibindo essa vasoconstrição", disse à Folha, por e-mail, o fisiologista Thomas M. Mills, da Escola Médica da Geórgia, coordenador do estudo.
"Essa é uma observação nova, que mostra a existência de um caminho (para a ereção) até então desconhecido", afirmou.
Segundo Mills, a descoberta do papel do inibidor da Rho-quinase foi feita por acaso. "Um membro do departamento de fisiologia da universidade estava pesquisando drogas contra a hipertensão e sugeriu que investigássemos o efeito da inibição da proteína no pênis."
Apesar de não ter se revelado eficiente no tratamento da hipertensão, o potencial uso do Y-27632 contra a impotência pode ser uma boa notícia para os pacientes com pressão alta.
Nos experimentos conduzidos por Mills e por Kanchan Chitaley, da Universidade de Michigan, o inibidor de Rho-quinase aumentou a pressão sanguínea no pênis dos roedores sem alterar a pressão arterial média.
É justamente esse o principal efeito colateral do sidenafil, e um dos motivos da restrição do Viagra aos hipertensos.
Mas os fãs da pílula azul não precisam ficar excitados: o novo tratamento levará anos até começar a ser testado em gente.
Os pesquisadores precisam, antes de tudo, descobrir uma maneira de limitar a ação do inibidor da Rho-quinase às artérias do pênis, já que a proteína ocorre em quase todas as células. "Nossos estudos usaram injeção no pênis como forma de veiculação da droga", disse Mills. "Precisamos descobrir um modo de administração que dê conta apenas do nosso alvo", afirmou.
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