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04/01/2001
-
19h11
da Folha de S.Paulo
"Fechamos o genoma." Com essa frase, a pesquisadora Ana Cláudia Rasera da Silva, do Instituto de Química da USP, anunciou hoje a conclusão do sequenciamento do DNA da bactéria que causa o cancro cítrico, doença responsável pela queda de 25% da produção de plantas cítricas no Estado de São Paulo.
A Xanthomonas citri tem um genoma de 5,2 milhões de bases _as "letras" A, C, G e T que formam o DNA_, o dobro do da Xylella fastidiosa (praga do amarelinho e primeiro agente causal de doenças em plantas a ser sequenciado no mundo).
Mesmo com todo esse tamanho, foi sequenciada praticamente na metade do tempo que a Xylella. E por apenas 14 laboratórios, contra os 34 que participaram do outro sequenciamento.
"Isso revela o avanço e o amadurecimento da equipe (que também participou do trabalho com a Xylella)", disse Ana Cláudia.
A pesquisadora, que é coordenadora do projeto, afirmou que conhecer o genoma da Xanthomonas é essencial para a descoberta da cura para o cancro cítrico. Hoje, a única forma de conter a doença é a erradicação dos pés de laranjeira, tanto os afetados como os vizinhos saudáveis, por medida de segurança.
Genoma comparativo
Para avançar de forma mais rápida na busca de genes envolvidos com a moléstia, os pesquisadores entram na fase do genoma comparativo, usando os dados da Xylella e também de outra espécie de Xanthomonas, a campestris, que ataca várias plantas.
"Já temos cerca de 85% do genoma da Xanthomonas campestris pronto. Ela é um modelo biológico, pois infecta a Arabidopsis thaliana (planta-modelo da biologia vegetal). Nossa primeira comparação será com ela. Faremos também com outra que infecta o arroz e está sendo sequenciada por grupos no Japão", disse Ana Cláudia.
Segundo a pesquisadora, a equipe tem ainda a intenção de sequenciar a Xanthomonas aurantifolia, que infecta apenas limoeiros. "O interesse é descobrir como se dá o modo de infecção da bactéria, entender essa especificidade", explica.
Dos cerca de 4.395 genes da Xanthomonas, o primeiro grupo que será estudado será o daqueles participam da interação da bactéria com a planta.
Ana Cláudia acredita que o trabalho com os dados da Xanthomonas estará pronto para publicação no prazo de três meses.
O trabalho da Xylella foi publicado na revista britânica "Nature", uma das mais prestigiadas revistas científicas. "Nossa intenção é publicar numa revista de primeira linha, assim como foi feito com a Xylella", afirma Ana Cláudia.
Nesse meio tempo, o resultado brasileiro será anunciado para o resto do mundo durante a 9ª Conferência de Genoma de Planta e Animal, que iniciará dia 13 deste mês, em San Diego, Califórnia.
A notícia do final do sequenciamento da Xanthomonas foi dada juntamente com o anúncio de novos projetos que serão financiados pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), durante cerimônia realizada no Palácio do Bandeirantes, com a presença do governador Mário Covas.
O diretor científico da Fapesp, José Fernando Perez, apresentou o Consitec (Consórcios Setoriais para Inovação Tecnológicas), um programa que deverá investir R$ 200 mil anuais por projeto.
O objetivo é estabelecer uma colaboração entre grupos de pesquisa das universidades e conglomerados de empresas para criar inovações tecnológicas.
Além disso, Perez anunciou que a rede criada pela Fapesp irá se conectar à Internet2, rede de alta velocidade que interliga universidades e centros de pesquisa dos Estados Unidos. Isso deverá beneficiar os projetos Genoma e Biota.
Equipe brasileira conclui genoma de praga agrícola
ISABEL GERHARDTda Folha de S.Paulo
"Fechamos o genoma." Com essa frase, a pesquisadora Ana Cláudia Rasera da Silva, do Instituto de Química da USP, anunciou hoje a conclusão do sequenciamento do DNA da bactéria que causa o cancro cítrico, doença responsável pela queda de 25% da produção de plantas cítricas no Estado de São Paulo.
A Xanthomonas citri tem um genoma de 5,2 milhões de bases _as "letras" A, C, G e T que formam o DNA_, o dobro do da Xylella fastidiosa (praga do amarelinho e primeiro agente causal de doenças em plantas a ser sequenciado no mundo).
Mesmo com todo esse tamanho, foi sequenciada praticamente na metade do tempo que a Xylella. E por apenas 14 laboratórios, contra os 34 que participaram do outro sequenciamento.
"Isso revela o avanço e o amadurecimento da equipe (que também participou do trabalho com a Xylella)", disse Ana Cláudia.
A pesquisadora, que é coordenadora do projeto, afirmou que conhecer o genoma da Xanthomonas é essencial para a descoberta da cura para o cancro cítrico. Hoje, a única forma de conter a doença é a erradicação dos pés de laranjeira, tanto os afetados como os vizinhos saudáveis, por medida de segurança.
Genoma comparativo
Para avançar de forma mais rápida na busca de genes envolvidos com a moléstia, os pesquisadores entram na fase do genoma comparativo, usando os dados da Xylella e também de outra espécie de Xanthomonas, a campestris, que ataca várias plantas.
"Já temos cerca de 85% do genoma da Xanthomonas campestris pronto. Ela é um modelo biológico, pois infecta a Arabidopsis thaliana (planta-modelo da biologia vegetal). Nossa primeira comparação será com ela. Faremos também com outra que infecta o arroz e está sendo sequenciada por grupos no Japão", disse Ana Cláudia.
Segundo a pesquisadora, a equipe tem ainda a intenção de sequenciar a Xanthomonas aurantifolia, que infecta apenas limoeiros. "O interesse é descobrir como se dá o modo de infecção da bactéria, entender essa especificidade", explica.
Dos cerca de 4.395 genes da Xanthomonas, o primeiro grupo que será estudado será o daqueles participam da interação da bactéria com a planta.
Ana Cláudia acredita que o trabalho com os dados da Xanthomonas estará pronto para publicação no prazo de três meses.
O trabalho da Xylella foi publicado na revista britânica "Nature", uma das mais prestigiadas revistas científicas. "Nossa intenção é publicar numa revista de primeira linha, assim como foi feito com a Xylella", afirma Ana Cláudia.
Nesse meio tempo, o resultado brasileiro será anunciado para o resto do mundo durante a 9ª Conferência de Genoma de Planta e Animal, que iniciará dia 13 deste mês, em San Diego, Califórnia.
A notícia do final do sequenciamento da Xanthomonas foi dada juntamente com o anúncio de novos projetos que serão financiados pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), durante cerimônia realizada no Palácio do Bandeirantes, com a presença do governador Mário Covas.
O diretor científico da Fapesp, José Fernando Perez, apresentou o Consitec (Consórcios Setoriais para Inovação Tecnológicas), um programa que deverá investir R$ 200 mil anuais por projeto.
O objetivo é estabelecer uma colaboração entre grupos de pesquisa das universidades e conglomerados de empresas para criar inovações tecnológicas.
Além disso, Perez anunciou que a rede criada pela Fapesp irá se conectar à Internet2, rede de alta velocidade que interliga universidades e centros de pesquisa dos Estados Unidos. Isso deverá beneficiar os projetos Genoma e Biota.
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