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10/01/2001 - 18h06

Formigas canibais de Madagascar podem ser chave evolutiva

da Reuters
em San Francisco

Uma colônia de formigas canibais descoberta em Madagascar é uma peça importante no quebra-cabeça para se entender a evolução e o comportamento de uma das mais bem sucedidas espécies de inseto no mundo.

Os insetos de aspecto amedrontador, apelidados de "formigas drácula" pelos seus descobridores porque sugam nutrientes de suas próprias larvas, são apontadas como uma espécie de transição entre as formigas comuns e as vespas das quais elas evoluíram milhões de anos atrás.

"Um organismo vivo não pode ser um verdadeiro elo perdido", diz o cientista Brian Fischer, da Academia de Ciências da Califórnia, que encontrou o formigueiro escondido debaixo de um tronco apodrecido a cerca de 90 km da capital Antananarivo, em Madagascar.

"Entretanto, elas representam nossa maior esperança de entender como era o ancestral comum entre as duas espécies, o que tem sido uma enorme barreira no estudo da evolução das formigas.

Apesar das formigas serem apenas 1% de todas as espécies de inseto registradas, elas estão presentes no mundo todo e são numericamente dominantes. O que os pesquisadores procuram é o segredo evolutivo do sucesso da espécie.

A ilha de Madagascar, por sua vez, é tida como uma mina de ouro de informações biológicas escondidas. Seu isolamento precoce da costa sudoeste da África permitiu a sobrevivência de espécies mais antigas, que ficaram protegidas dos novos adversários na seleção natural.

As "formigas drácula" já haviam sido descobertas em 1993, mas o formigueiro encontrado por Fischer foi a primeira colônia completa descoberta.

A espécie, pertencente ao gênero Adetomyrma, tem uma única conexão entre o tórax e o abdômen, ao invés de duas ou três, como nas formigas modernas. "Elas têm uma cintura de vespa", diz o cientista, ironizando mas esclarecendo a ligação entre as duas espécies.

As formigas Adetomyrma também possuem um hábito alimentar que pode ser a base da "repartição social de comida" que caracteriza os formigueiros.

Formigas rainhas e operárias, quando famintas, visitam o "berçário" da colônia e sugam nutrientes de suas próprias larvas.

"Elas mastigam até começar a sangrar", diz o pesquisador. "Chamamos isso de canibalismo não destrutivo."

Fischer acredita que esta prática evoluiu para o processo usado hoje. As formigas operárias, incapazes de digerir alimento sólido por conta própria, levam comida às larvas e aproveitam dejetos regurgitados por estas para se alimentar.

O cientista acredita que novos estudos sobre a colônia podem levar os cientistas a repensar a atual hipótese da evolução das formigas.
 

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