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18/01/2001 - 17h12

Estudo indica que água surgiu antes do que se imaginava na Terra

da France Presse
em Washington

Um estudo publicado pelo Instituto de Astrobiologia da Nasa indica que a água surgiu na Terra pouco depois da formação de nosso planeta.

A conclusão sugere que as condições propícias para a vida no universo se desenvolveram antes do que se imaginava.

Os autores do estudo, duas equipes de pesquisadores, uma americana e outra australiana, estabeleceram a presença de zircônios (cristais de silicato de zircônio) de 4,3 a 4,4 bilhões de anos em depósitos sedimentares fluviais do oeste australiano.

Esses minúsculos minerais são os mais antigos já encontrados. Nascidos da interação entre o granito e a água, são a prova de que a água em forma líquida se achava já em nosso planeta nessa época, isto é, pouco depois de sua formação há 4,5 bilhões de anos.

Esta descoberta permite fazer baixar em pelo menos 400 milhões de anos as estimativas da comunidade científica sobre o aparecimento da água na Terra, e sugere que "a água em forma líquida se estabilizou cedo nos planetas como a Terra", explica o geólogo Stephen Mojzsis, da Universidade de Boulder (Colorado).

Na opinião dele, a descoberta aumenta a possibilidade de se achar vida em outros pontos do universo.

Depois de sua formação pelo acréscimo de gás e de poeira do sistema solar recentemente formado, a Terra resfriou mais rápido do que os cientistas pensavam.

"Havia continentes e água provavelmente antes, e também é possível que oceanos e vida, entre outras coisas que foram em seguida desintegradas pelos meteoritos, sem que restasse nada, exceto os zircônios", explica William Peck, da Universidade de Colgate, em Hamilton (Nova York).

Há até cerca de 3,9 bilhões de anos, a jovem Terra foi de fato bombardeada por chuvas incessantes de meteoritos suficientemente e abundantes para vaporizar a superfície dos oceanos e fazer desaparecer, durante longos períodos, qualquer rastro de vida possível.

A mais antiga vida microbiana conhecida até agora foi achada nos sedimentos da Groenlândia e remonta a 3,85 bilhões de anos.

Tão significativa como a presença da água, a descoberta dos zircônios permite estabelecer que a Terra entranhava já os continentes. Com efeito, os zircônios se cristalizaram no granito, o que confirma a presença de rocha granítica além dos 4,4 bilhões de anos.

Embora nenhuma rocha antiga assim tenha sido jamais descoberta - só foi reciclada -, a descoberta de zircônios formados no granito "sugere que devia provir de rochas que formam a crosta continental", afirma o geólogo Sam Bowring, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Para Stephen Mojzsis, não há nenhuma dúvida de que "os oceanos, a atmosfera e os continentes estavam em posição há 4,3 bilhões de anos".

A conclusão lógica da descoberta de zircônios é portanto que a vida pôde aparecer na Terra desde épocas anteriores, destaca. Três fatores necessários para a vida parecem de fato reunidos: a energia, a matéria orgânica (proveniente de meteoritos e de mudanças atmosféricas) e, por último, a água.
 

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