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22/01/2001 - 11h15

Aquecimento da Terra é mais grave do que se pensava

da France Presse
em Xangai (China)

A comunidade científica mundial lançou hoje em Xangai um grito de alerta ante a aceleração do aquecimento do planeta, enquanto os governos continuam sem chegar a um acordo sobre a redução das emissões de gases de efeito estufa

A mudança climática é mais grave do que pensavam os especialistas e seus efeitos serão sentidos durante séculos, advertiu o Grupo Intergovernamental sobre a Evolução do Clima (Giec), criado pela ONU, em um informe muito esperado.

"O consenso científico apresentado neste informe exaustivo sobre as mudanças climáticas provocadas pelo homem deve ser um sinal de alerta em todas as capitais", considerou o diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Klaus Topfer, em um comunicado publicado em Xangai.

Topfer pediu aos governos e industriais que "tomem medidas audaciosas em favor das energias limpas" e se preparem para a elevação do nível do mar e as mudanças nas normas de chuvas.

O Giec, que colheu durante três anos em todo o mundo dados científicos sobre este fenômeno, considera que a temperatura da Terra aumentará entre 1,4ºC e 5ºC no decorrer de um século. Ao mesmo tempo, o nível do mar avançará de 0,09 a 0,88 metro, declarou R.J. Watson, presidente do Giec.

Embora as mudanças possam parecer mínimas, bastariam para destruir certos ecossistemas como as barreiras de coral, ameaçadas de morte se a temperatura do mar aumentar um grau. Alguns arquipélagos planos, como o das Maldivas, estão ameaçados de desaparecer sob as águas, lembrou Watson.

Desajustes climáticos, como o fenômeno El Niño, constatado no Pacífico no final da década de 90, serão mais frequentes. Regiões inteiras podem passar brutalmente da seca para as inundações, penalizando a agricultura das regiões tropicais já afetadas pela fome.

"As inundações podem desabrigar dezenas de milhares de pessoas na Índia, na China ou em Bangladesh", segundo Watson.

Durante o século 20, as temperaturas já aumentaram de forma considerável e os anos 90 foram os mais quentes do século, especialmente 1998, o ano mais quente deste 1861. O século também foi o mais quente do milênio.

Europeus e norte-americanos não conseguiram chegar a um acordo sobre as medidas para lutar contra o aquecimento do planeta no mês de novembro passado em Haia, onde deveriam ter definido as regras de aplicação do protocolo de Kyoto (1997), sobre a redução de emissões de gases de efeito estufa.

O novo presidente norte-americano, George W Bush, cuja família tem há tempo estreitas ligações com a indústria petroleira, já se manifestou inteiramente contrário ao protocolo de Kyoto.
 

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