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12/02/2001
-
08h00
ISABEL GERHARDT
da Folha de S.Paulo
Enviada especial a Lyon
Craig Venter, presidente da empresa de biotecnologia Celera, concorrente do Projeto Genoma Humano, foi recebido pela platéia em Lyon na última sexta, durante o Fórum Mundial sobre Ciências da Vida, mais como um popstar do que como um cientista. Recebeu pedidos de autógrafo e de fotos para arquivos pessoais.
Venter estava bem-humorado. Um slide de sua apresentação mostrava-o no anúncio da conclusão do genoma, feito em junho de 2000 na Casa Branca, EUA.
"Esse sou eu, lançando minha candidatura à Presidência, e este que está aí atrás é meu vice (se referindo a Bill Clinton)", brincou.
Depois da palestra, Venter falou à Folha sobre seu próximo passo, o projeto de proteoma humano.
Folha - Em julho de 2000, o sr. afirmou na Inglaterra que a Celera iria iniciar a automatização do proteoma humano. Como está indo?
Craig Venter - Está indo bem, vamos ter novidades agora na próxima primavera.
Folha - Mas o que exatamente vocês estão fazendo?
Venter - Estamos testando um novo espectrômetro de massa da empresa Applied Biosystems.
Folha - O que ele tem de diferente dos outros?
Venter - É um novo TOF (espectrômetro de massa, aparelho que consegue separar as proteínas de acordo com a relação de massa e carga).
Folha - Quais as proteínas que serão os primeiros alvos?
Venter - Bem, as que conseguirmos primeiro. Na verdade, devemos nos concentrar em proteínas relacionadas a algumas doenças.
Folha - Quais delas: câncer, mal de Alzheimer?
Venter - Câncer certamente será uma delas. Recentemente o Steven Hoffman (que trabalhou com vacinas de malária) se juntou a nós e temos um projeto de fazer algo com vacinas de DNA.
Folha - Em sua palestra no Fórum, Francis Collins (diretor do Projeto Genoma Humano) mostrou-se bastante otimista quanto ao futuro da medicina numa era pós-genômica. Ele mencionou que, em 30 anos, poderemos contar com terapia genética, por exemplo.
Venter - Eu não acredito que seja tão simples assim. Não acredito que, apenas colocando um gene, você será capaz de consertar pessoas. A complexidade do ser humano é muito maior do que poder ser controlado por um simples gene. Não acredito tanto assim num futuro para a terapia genética.
Folha - Um projeto como proteoma não é simples. Vocês buscarão parcerias para desenvolvê-lo?
Venter - Olha, nós fizemos um genoma sozinho. Também poderemos fazer um proteoma.
Folha - E quanto à possibilidade de discriminação genética que possa vir a existir com os testes genéticos?
Venter - Isso é algo que tanto Collins como eu estamos lutando lado a lado. Nos EUA queremos uma lei que proíba a possibilidade desse tipo de coisa acontecer.
Leia mais notícias sobre o projeto genoma
Presidente da Celera é cético quanto a geneterapia
Reuters Craig Venter na cerimônia de divulgação do genoma |
da Folha de S.Paulo
Enviada especial a Lyon
Craig Venter, presidente da empresa de biotecnologia Celera, concorrente do Projeto Genoma Humano, foi recebido pela platéia em Lyon na última sexta, durante o Fórum Mundial sobre Ciências da Vida, mais como um popstar do que como um cientista. Recebeu pedidos de autógrafo e de fotos para arquivos pessoais.
Venter estava bem-humorado. Um slide de sua apresentação mostrava-o no anúncio da conclusão do genoma, feito em junho de 2000 na Casa Branca, EUA.
"Esse sou eu, lançando minha candidatura à Presidência, e este que está aí atrás é meu vice (se referindo a Bill Clinton)", brincou.
Depois da palestra, Venter falou à Folha sobre seu próximo passo, o projeto de proteoma humano.
Folha - Em julho de 2000, o sr. afirmou na Inglaterra que a Celera iria iniciar a automatização do proteoma humano. Como está indo?
Craig Venter - Está indo bem, vamos ter novidades agora na próxima primavera.
Folha - Mas o que exatamente vocês estão fazendo?
Venter - Estamos testando um novo espectrômetro de massa da empresa Applied Biosystems.
Folha - O que ele tem de diferente dos outros?
Venter - É um novo TOF (espectrômetro de massa, aparelho que consegue separar as proteínas de acordo com a relação de massa e carga).
Folha - Quais as proteínas que serão os primeiros alvos?
Venter - Bem, as que conseguirmos primeiro. Na verdade, devemos nos concentrar em proteínas relacionadas a algumas doenças.
Folha - Quais delas: câncer, mal de Alzheimer?
Venter - Câncer certamente será uma delas. Recentemente o Steven Hoffman (que trabalhou com vacinas de malária) se juntou a nós e temos um projeto de fazer algo com vacinas de DNA.
Folha - Em sua palestra no Fórum, Francis Collins (diretor do Projeto Genoma Humano) mostrou-se bastante otimista quanto ao futuro da medicina numa era pós-genômica. Ele mencionou que, em 30 anos, poderemos contar com terapia genética, por exemplo.
Venter - Eu não acredito que seja tão simples assim. Não acredito que, apenas colocando um gene, você será capaz de consertar pessoas. A complexidade do ser humano é muito maior do que poder ser controlado por um simples gene. Não acredito tanto assim num futuro para a terapia genética.
Folha - Um projeto como proteoma não é simples. Vocês buscarão parcerias para desenvolvê-lo?
Venter - Olha, nós fizemos um genoma sozinho. Também poderemos fazer um proteoma.
Folha - E quanto à possibilidade de discriminação genética que possa vir a existir com os testes genéticos?
Venter - Isso é algo que tanto Collins como eu estamos lutando lado a lado. Nos EUA queremos uma lei que proíba a possibilidade desse tipo de coisa acontecer.
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