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12/02/2001
-
08h15
Não funcionou a tentativa de criar uma imagem de união entre os dois grupos envolvidos no sequenciamento do genoma humano. Continua a troca de acusações entre o PGH (Projeto Genoma Humano), consórcio público internacional de cientistas, e a Celera Genomics, uma empresa de biotecnologia que espera obter muitos lucros com a informação genética e que utilizou uma tecnologia controversa para acelerar o sequenciamento.
"Ao contrário do que foi anunciado em junho, os resultados da Celera não estão corretos. Isso está agitando a comunidade científica", afirma Eric Lander, chefe do laboratório de genômica do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos.
Já para Craig Venter, presidente da Celera, o método da empresa é confiável. "Existem algumas pessoas no consórcio público que não gostariam que existíssemos."
Em junho passado, PGH e Celera apresentaram simultaneamente um rascunho do genoma completo. Segundo Francis Collins, chefe do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, que estava liderando o esforço público nos EUA, os resultados da Celera, na época, eram de boa qualidade e estimularam o PGH.
Venter criou controvérsia em 1998, quando fundou a Celera para pôr em prática seu método "shotgun". Ao contrário da técnica utilizada pelo PGH -o mapeamento de cada cromossomo, seguido da leitura letra por letra-, o método de Venter utiliza o genoma inteiro de uma só vez, acelerando o sequenciamento.
No ano passado, até a Casa Branca interveio para que os dois grupos chegassem a um acordo sobre o rascunho do sequenciamento. No final, concordaram em fazer um anúncio conjunto. A guerra parecia terminada.
Agora, com a publicação separada nas revistas científicas "Science" e "Nature" e um novo anúncio conjunto em Washington, a rivalidade parece continuar bem viva (afinal, não saiu a almejada publicação conjunta).
Só para assinantes
Ainda existem diferenças entre os grupos. Enquanto os dados obtidos pelo PGH eram divulgados periodicamente pela Internet, muitos dos da Celera estavam restritos a assinantes.
A "Science", que publica hoje os dados da Celera, deu copiosas explicações sobre como vai manter uma cópia da sequência completa para livre consulta, apesar das restrições comerciais da Celera.
O pesquisador que precisar de mais de um milhão de bases (letras) do banco da Celera, por semana, terá de enviar uma carta à revista garantindo que não serão usados para fins comerciais. Será cobrada uma taxa para dados utilizados para fins comerciais.
Segundo João Carlos Setubal, coordenador do Laboratório de Bioinformática da Unicamp, a decisão da revista não foi bem-vinda na comunidade científica, porque compromete um de seus princípios básicos: a livre disponibilidade de resultados de pesquisa.
Qualidade duvidosa
Para Phillip Green, um dos maiores especialistas mundiais em bioinformática -ramo da computação que envolve o estudo grandes bancos de dados biológicos, como as sequências de DNA- a qualidade dos dados da Celera são piores que os do PGH.
Segundo Setubal, que atualmente trabalha em seu laboratório, Green disse que o artigo da Celera na "Science" tem falsas afirmações, a começar pelo número de falhas ("buracos" em trechos de DNA que deveriam ser contínuos) nas sequências obtidas pela empresa.
Para Green, falhou a abordagem adotada pela Celera de fazer a montagem da sequência de DNA usando o método "shotgun".
Leia mais notícias sobre o projeto genoma
Anúncio envolve disputa entre cientistas e empresa
das agências internacionaisNão funcionou a tentativa de criar uma imagem de união entre os dois grupos envolvidos no sequenciamento do genoma humano. Continua a troca de acusações entre o PGH (Projeto Genoma Humano), consórcio público internacional de cientistas, e a Celera Genomics, uma empresa de biotecnologia que espera obter muitos lucros com a informação genética e que utilizou uma tecnologia controversa para acelerar o sequenciamento.
"Ao contrário do que foi anunciado em junho, os resultados da Celera não estão corretos. Isso está agitando a comunidade científica", afirma Eric Lander, chefe do laboratório de genômica do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos.
Já para Craig Venter, presidente da Celera, o método da empresa é confiável. "Existem algumas pessoas no consórcio público que não gostariam que existíssemos."
Em junho passado, PGH e Celera apresentaram simultaneamente um rascunho do genoma completo. Segundo Francis Collins, chefe do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, que estava liderando o esforço público nos EUA, os resultados da Celera, na época, eram de boa qualidade e estimularam o PGH.
Venter criou controvérsia em 1998, quando fundou a Celera para pôr em prática seu método "shotgun". Ao contrário da técnica utilizada pelo PGH -o mapeamento de cada cromossomo, seguido da leitura letra por letra-, o método de Venter utiliza o genoma inteiro de uma só vez, acelerando o sequenciamento.
No ano passado, até a Casa Branca interveio para que os dois grupos chegassem a um acordo sobre o rascunho do sequenciamento. No final, concordaram em fazer um anúncio conjunto. A guerra parecia terminada.
Agora, com a publicação separada nas revistas científicas "Science" e "Nature" e um novo anúncio conjunto em Washington, a rivalidade parece continuar bem viva (afinal, não saiu a almejada publicação conjunta).
Só para assinantes
Ainda existem diferenças entre os grupos. Enquanto os dados obtidos pelo PGH eram divulgados periodicamente pela Internet, muitos dos da Celera estavam restritos a assinantes.
A "Science", que publica hoje os dados da Celera, deu copiosas explicações sobre como vai manter uma cópia da sequência completa para livre consulta, apesar das restrições comerciais da Celera.
O pesquisador que precisar de mais de um milhão de bases (letras) do banco da Celera, por semana, terá de enviar uma carta à revista garantindo que não serão usados para fins comerciais. Será cobrada uma taxa para dados utilizados para fins comerciais.
Segundo João Carlos Setubal, coordenador do Laboratório de Bioinformática da Unicamp, a decisão da revista não foi bem-vinda na comunidade científica, porque compromete um de seus princípios básicos: a livre disponibilidade de resultados de pesquisa.
Qualidade duvidosa
Para Phillip Green, um dos maiores especialistas mundiais em bioinformática -ramo da computação que envolve o estudo grandes bancos de dados biológicos, como as sequências de DNA- a qualidade dos dados da Celera são piores que os do PGH.
Segundo Setubal, que atualmente trabalha em seu laboratório, Green disse que o artigo da Celera na "Science" tem falsas afirmações, a começar pelo número de falhas ("buracos" em trechos de DNA que deveriam ser contínuos) nas sequências obtidas pela empresa.
Para Green, falhou a abordagem adotada pela Celera de fazer a montagem da sequência de DNA usando o método "shotgun".
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