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12/02/2001 - 18h30

DNA-lixo também deve ser estudado, diz cientista

MAGGIE FOX
da Reuters

O primeiro olhar feito com profundidade sobre o genoma humano mostra que ele é muito mais complicado que os cientistas esperavam.

Em vez de ter o DNA empacotado com dezenas de milhares de novos genes que fazem pessoas diferentes de camundongos, mosca-das-frutas e vermes, parece que temos relativamente poucos genes _somente 30 mil ou 40 mil, cientistas anunciaram hoje. Estimativas anteriores apontavam de 60 mil a 100 mil genes.

Os dois grupos de cientistas responsáveis pelo sequenciamento (consórcio público e empresa privada Celera) dizem que estão chocados pelos achados, e que isso significa que os genes podem não ser tão fundamentais assim na "confecção" dos organismos.

Eles sabem que cada gene "expressa" ou controla uma proteína. E sabem agora que as proteínas se misturam e combinam de formas muito mais importantes do que se pensava anteriormente.

Mas eles também sabem que precisarão voltar para trás e vasculhar a lata de lixo do genoma _o chamado DNA-lixo, que muitas acreditavam não ter um papel importante.

"Eu o chamo de lixo alegado", afirmou Eric Lander, chefe do sequenciamento do genoma do Instituto Whitehead, em Massachusetts, EUA, em entrevista por telefone. "O lixo é surpreendente."

Examinando o lixo

Lander, cuja instituição faz parte do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e teve papel fundamental no consórcio público Projeto Genoma Humano, disse que os cientistas deverão direcionar um longo olhar para o lixo.

Quando os dois grupos, público e privado, anunciaram a conclusão da primeira etapa _o sequenciamento do genoma, em junho do ano passado_, eles sabiam pouco além de que existiam 3,1 bilhões de letras no genoma humano. Isso significava basicamente uma leitura das letras químicas A, C, G e T, os nucleotídeos que formam a dupla-hélice do DNA.

Se as combinações corretas das letras são feitas de forma correta, por exemplo, um A, um T e um G, elas fazem um aminoácido. Existem 20 diferentes aminoácidos, que podem ser associados das maneiras mais diferentes para produzir 250 mil proteínas.

Não existe um número determinado de aminoácidos para a produção de uma proteína.

Células do cérebro precisam expressar certas proteínas, células do músculo e células do sistema imunológico expressam outras. Genes, algumas vezes, controlam o que é expresso por outros genes, mas é possível que o DNA-lixo também tome parte nesse processo, afirmam os pesquisadores que estão publicaram seus resultados nas revistas científicas "Nature" e "Science".

O seu achado é surpreendente porque mostra que os genes estão agrupados nos 3,1 bilhões de pares de base. Entre esses agrupamentos existem vastos espaços desertos, repetições de nucleotídeos que parecem sem sentido. Mas que, segundo Lander, podem servir como guias para a história evolutiva do genoma.

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