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25/02/2001
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03h59
"Cuidado com os idos de março." A profecia, da peça "Júlio César" de Shakespeare, há muito deixou de atormentar o famoso imperador romano. Agora, ela voltou para assombrar o programa espacial russo -e o mundo.
Entre os dias 13 e 15 do mês que vem, a estação Mir -um símbolo da presença russa no espaço que pesa 140 toneladas- estará voltando à Terra, para encontrar seu destino final nas águas do oceano Pacífico. Se tudo der certo.
É quase unânime entre os cientistas a opinião de que o procedimento que conduzirá o complexo ao oceano é razoavelmente simples e seguro, embora a estação já esteja bastante debilitada, em razão da idade avançada e da falta de financiamento adequado.
Apesar das dificuldades, a competência russa para o procedimento é reconhecida. "Se um país que envia e traz de volta astronautas há 40 anos não for capaz de fazê-lo, quem mais será?", indaga Petrônio Noronha de Souza, da Divisão de Mecânica Espacial e Controle do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Entre os protagonistas da história -os russos- também reina o otimismo. Mas, como grande potência espacial, eles sabem que não podem contar só com a sorte.
"A probabilidade de falha é muito baixa. Entretanto, se acontecer, uma tripulação de emergência será despachada para a estação. Isso aconteceu com a estação Salyut-7, quando uma tripulação de emergência atracou manualmente, após a perda de contato e de controle. A tripulação corrigiu os problemas e a estação prosseguiu sua vida", contou à Folha Alexander Sukhanov, do Instituto de Pesquisa Espacial da Academia de Ciências da Rússia.
Sukhanov, que já trabalhou em diversos projetos espaciais, como experimentos a bordo da Mir e a criação da sonda russa Mars-96, está atualmente trabalhando no Inpe, onde ficará até o fim do ano.
O governo russo afirma que tudo está sob controle na estação para garantir a segurança da queda, mas diz que isso não permite concluir que o complexo poderia ser mantido. "Precisamos descartar a Mir enquanto ainda somos capazes de controlá-la, não tornar sua destruição uma roleta que pode ameaçar toda a comunidade global", disse Yuri Koptev, diretor da agência espacial russa.
A decisão encontra apoio na certeza de que a destruição é o único modo de evitar riscos. Na semana passada, a Duma aprovou um pedido enviado ao presidente Vladimir Putin para que ele cancele a ordem de destruir a Mir, mas Putin e Koptev já disseram que o processo é irreversível.
Rússia diz que está pronta para destruir estação espacial Mir
SALVADOR NOGUEIRA, da Folha de S.Paulo"Cuidado com os idos de março." A profecia, da peça "Júlio César" de Shakespeare, há muito deixou de atormentar o famoso imperador romano. Agora, ela voltou para assombrar o programa espacial russo -e o mundo.
Entre os dias 13 e 15 do mês que vem, a estação Mir -um símbolo da presença russa no espaço que pesa 140 toneladas- estará voltando à Terra, para encontrar seu destino final nas águas do oceano Pacífico. Se tudo der certo.
É quase unânime entre os cientistas a opinião de que o procedimento que conduzirá o complexo ao oceano é razoavelmente simples e seguro, embora a estação já esteja bastante debilitada, em razão da idade avançada e da falta de financiamento adequado.
Apesar das dificuldades, a competência russa para o procedimento é reconhecida. "Se um país que envia e traz de volta astronautas há 40 anos não for capaz de fazê-lo, quem mais será?", indaga Petrônio Noronha de Souza, da Divisão de Mecânica Espacial e Controle do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Entre os protagonistas da história -os russos- também reina o otimismo. Mas, como grande potência espacial, eles sabem que não podem contar só com a sorte.
"A probabilidade de falha é muito baixa. Entretanto, se acontecer, uma tripulação de emergência será despachada para a estação. Isso aconteceu com a estação Salyut-7, quando uma tripulação de emergência atracou manualmente, após a perda de contato e de controle. A tripulação corrigiu os problemas e a estação prosseguiu sua vida", contou à Folha Alexander Sukhanov, do Instituto de Pesquisa Espacial da Academia de Ciências da Rússia.
Sukhanov, que já trabalhou em diversos projetos espaciais, como experimentos a bordo da Mir e a criação da sonda russa Mars-96, está atualmente trabalhando no Inpe, onde ficará até o fim do ano.
O governo russo afirma que tudo está sob controle na estação para garantir a segurança da queda, mas diz que isso não permite concluir que o complexo poderia ser mantido. "Precisamos descartar a Mir enquanto ainda somos capazes de controlá-la, não tornar sua destruição uma roleta que pode ameaçar toda a comunidade global", disse Yuri Koptev, diretor da agência espacial russa.
A decisão encontra apoio na certeza de que a destruição é o único modo de evitar riscos. Na semana passada, a Duma aprovou um pedido enviado ao presidente Vladimir Putin para que ele cancele a ordem de destruir a Mir, mas Putin e Koptev já disseram que o processo é irreversível.
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