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07/03/2001 - 23h24

Problemas na Mir quase causaram desastre no espaço

da France Presse, em Moscou

As estadas a bordo da Mir foram, às vezes, uma aventura cheia de perigos para os cosmonautas, já que a estação russa sofreu, ao longo de seus 15 anos de existência, diversos acidentes, que, em várias ocasiões, ameaçaram a vida das tripulações.

O ano de 1997 foi o mais agitado: um defeito de funcionamento em um tubo de oxigênio provocou um foco de incêndio na estação, em 23 de fevereiro; em 25 de junho, um choque com uma nave de abastecimento Progress, no momento da acoplagem, fez um buraco de 3 cm2 na parede do módulo científico Spektr, provocando uma despressurização imediata.

"Devíamos efetuar uma acoplagem manual da nave, que se encontrava a 5 km da estação", disse o cosmonauta Alexandre Lazutkin, que se encontrava então na Mir.

A manobra servia apenas como treinamento, já que se tratava de uma velha nave cheia de dejetos e que devia se separar da Mir imediatamente depois e queimar na atmosfera.

"Desconectamos o aparelho que registrava a velocidade da nave e a distância entre a Progress e a estação porque interferia na imagem de vídeo da nave. E demoramos a perceber que a velocidade da Progress era dez vezes superior ao que deveria ser", afirmou Lazutkin.

A Progress, com um peso de sete toneladas, chocou-se contra o módulo Spektr, o ar começou a escapar da estação, que perdeu a orientação. As baterias se descarregaram e a Mir começou a girar de maneira caótica.

"Quando finalmente conseguimos fechar a escotilha de segurança do módulo e cessou a despressurização, me dei conta de que estava com a garganta seca e que minhas mãos tremiam", disse o cosmonauta.

Durante dois dias, a tripulação se esforçou para reativar os sistemas da estação, que haviam parado em função do choque.

"O sistema encarregado de produzir oxigênio e arejar a estação desligou. Não dormimos durante 48 horas porque corríamos o risco de nos asfixiarmos. Quando finalmente terminamos os trabalhos de reparação, nós dormimos, mortos de cansaço", afirmou.

Este acidente foi o resultado de uma série de circunstâncias: a nave Progress estava sobrecarregada, os motores tinham um defeito de funcionamento e os especialistas do Centro de Controle em Terra, quando se deram conta, não conseguiram advertir a tempo a tripulação.

Outro problema apareceu em 17 de julho: a desconexão acidental de um cabo provocou uma alteração na orientação da estação. As baterias se descarregaram, deixando a Mir sem eletricidade. A tripulação teve de refugiar-se por algum tempo na nave de evacuação Soyuz.

Em setembro, o computador central da Mir avariou-se três vezes seguidas, deixando de novo a estação sem sistema de orientação com relação ao Sol.

"Situações imprevistas ocorrem em todos os vôos", disse Serguei Avdeyev que, ao longo de três missões, passou no total dois anos na Mir, um recorde mundial no espaço.

Finalmente, nos últimos meses, a Mir também teve também várias falhas, que fizeram temer a possibilidade de uma queda descontrolada.

Em 25 de dezembro, o Centro de Controle perdeu o contato de rádio com a estação durante cerca de 20 horas.

Em 18 de janeiro, o sistema de giroscópio encarregado de estabilizar a estação deixou de funcionar, obrigando a adiar em uma semana o lançamento da nave Progress, que dará o "impulso mortal" à Mir.
 

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