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09/03/2001
-
15h58
A elaboração do proteoma humano, o mapeamento das proteínas que regem o funcionamento do organismo, merece ser mais bem explicado ao público leigo do que o genoma (mapeamento dos genes) o foi. A opinião é do professor de bioquímica e química de proteínas da UnB (Universidade de Brasília), Marcelo Sousa.
Para ele a falta de informação pode atrapalhar o futuro desenvolvimento desse novo ramo da ciência. "Somente conhecendo como são as pesquisas, a população poderá pressionar e controlar os legisladores sobre o que versam as leis de biogenética", diz o professor.
O grande alvoroço provocado junto à comunidade científica pela divulgação do sequenciamento do genoma humano, não teve a mesma proporção quando da apresentação ao público leigo. Para as pessoas interessadas em resultados concretos como a cura do câncer ou a origem do diabetes, a declaração de que o ser humano possui 30 mil genes, como afirma a Celera Genomics - empresa norte-americana que está mapeando o genoma humano - ou em torno de 50 mil, como afirmam pesquisadores brasileiros envolvidos no Genoma Humano do Câncer, não tem impacto ou utilidade alguma.
Não ficou claro para as pessoas que o mapeamento genético é apenas parte de uma pesquisa maior em que o objetivo é verificar como as proteínas interagem. Os pesquisadores saíram da parte genômica das descobertas sobre o corpo humano para trilhar a fase proteômica das pesquisas. É pela forma de interação das proteínas de uma célula ou de um tecido que se poderá verificar se um indivíduo pode vir a desenvolver determinada doença.
"Essa é uma fase muito mais complexa que a anterior. Com exceção das células germinativas, todas as outras possuem o mesmo genoma. Ou seja, o DNA (ácido desoxirribonucléico) de uma célula da pele é igual ao de uma célula do fígado. Entretanto, as proteínas dessas células possuem características diferentes, por isso os resultados práticos dessas pesquisas demorarão alguns anos para aparecer", explica Sousa.
A complexidade da fase proteômica pode ser verificada pela diferença nos procedimentos. Enquanto um gene pode ser descrito totalmente pela sequência de letras do código genético, as proteínas precisam, além do mapeamento, da fórmula da molécula resultante para serem entendidas. Para se chegar a essa molécula, é necessário conhecer os aminoácidos que a compõem. Um aminoácido é descrito pela sequência de três letras do código genético e os vinte tipos de aminoácidos disponíveis na natureza combinam-se para formar as proteínas.
Os mais de 30 mil genes do corpo humano carregam dados para a formação de aproximadamente um milhão de proteínas. Isso corresponde a menos de 1% do material genético, o restante, classificado como "DNA lixo", é igual para todos os indivíduos, não produz proteínas e os cientistas ainda não identificaram quais seriam suas funções.
O estudo da função de cada uma dessas proteínas é a fase que se inicia agora. Com essas informações, será possível diagnosticar doenças antes do surgimento dos sintomas e traçar como será o desenvolvimento de uma criança. No entanto, isso só será uma realidade dentro de algumas décadas, quando os laboratórios estarão capacitados a desenvolver medicamentos personalizados.
Diversos laboratórios do mundo todo já processam pesquisas com proteínas. No Brasil, essa é uma área restrita, segundo Marcelo Sousa, apenas a UnB e a Unicamp (Universidade de Campinas) possuem centros especializados. Para ele, é imprescindível que o país invista em proteômica, como fez em genômica, para assegurar parte de um mercado que, segundo previsões da consultoria americana Frost & Sulivan, deverá estarm movimentando US$ 5,8 bilhões em 2005.
Sousa é autor do livro "Gestão da Vida: Genoma e Pós-genoma", lançado pela Editora da UnB em parceria com a Bluhm.
De acordo com cientista, a obra se destina tanto ao público leigo, quanto à comunidade acadêmica interessada em entender como funciona o organismo, como a ciência avança na compreensão dos fenômenos biológicos, como as empresas utilizam a informação genética em negócios rentáveis e como os problemas éticos se entrelaçam com a biologia.
As informações são da Agência Brasil.
Para biólogo, genoma precisa ser mais bem explicado aos leigos
da Folha OnlineA elaboração do proteoma humano, o mapeamento das proteínas que regem o funcionamento do organismo, merece ser mais bem explicado ao público leigo do que o genoma (mapeamento dos genes) o foi. A opinião é do professor de bioquímica e química de proteínas da UnB (Universidade de Brasília), Marcelo Sousa.
Para ele a falta de informação pode atrapalhar o futuro desenvolvimento desse novo ramo da ciência. "Somente conhecendo como são as pesquisas, a população poderá pressionar e controlar os legisladores sobre o que versam as leis de biogenética", diz o professor.
O grande alvoroço provocado junto à comunidade científica pela divulgação do sequenciamento do genoma humano, não teve a mesma proporção quando da apresentação ao público leigo. Para as pessoas interessadas em resultados concretos como a cura do câncer ou a origem do diabetes, a declaração de que o ser humano possui 30 mil genes, como afirma a Celera Genomics - empresa norte-americana que está mapeando o genoma humano - ou em torno de 50 mil, como afirmam pesquisadores brasileiros envolvidos no Genoma Humano do Câncer, não tem impacto ou utilidade alguma.
Não ficou claro para as pessoas que o mapeamento genético é apenas parte de uma pesquisa maior em que o objetivo é verificar como as proteínas interagem. Os pesquisadores saíram da parte genômica das descobertas sobre o corpo humano para trilhar a fase proteômica das pesquisas. É pela forma de interação das proteínas de uma célula ou de um tecido que se poderá verificar se um indivíduo pode vir a desenvolver determinada doença.
"Essa é uma fase muito mais complexa que a anterior. Com exceção das células germinativas, todas as outras possuem o mesmo genoma. Ou seja, o DNA (ácido desoxirribonucléico) de uma célula da pele é igual ao de uma célula do fígado. Entretanto, as proteínas dessas células possuem características diferentes, por isso os resultados práticos dessas pesquisas demorarão alguns anos para aparecer", explica Sousa.
A complexidade da fase proteômica pode ser verificada pela diferença nos procedimentos. Enquanto um gene pode ser descrito totalmente pela sequência de letras do código genético, as proteínas precisam, além do mapeamento, da fórmula da molécula resultante para serem entendidas. Para se chegar a essa molécula, é necessário conhecer os aminoácidos que a compõem. Um aminoácido é descrito pela sequência de três letras do código genético e os vinte tipos de aminoácidos disponíveis na natureza combinam-se para formar as proteínas.
Os mais de 30 mil genes do corpo humano carregam dados para a formação de aproximadamente um milhão de proteínas. Isso corresponde a menos de 1% do material genético, o restante, classificado como "DNA lixo", é igual para todos os indivíduos, não produz proteínas e os cientistas ainda não identificaram quais seriam suas funções.
O estudo da função de cada uma dessas proteínas é a fase que se inicia agora. Com essas informações, será possível diagnosticar doenças antes do surgimento dos sintomas e traçar como será o desenvolvimento de uma criança. No entanto, isso só será uma realidade dentro de algumas décadas, quando os laboratórios estarão capacitados a desenvolver medicamentos personalizados.
Diversos laboratórios do mundo todo já processam pesquisas com proteínas. No Brasil, essa é uma área restrita, segundo Marcelo Sousa, apenas a UnB e a Unicamp (Universidade de Campinas) possuem centros especializados. Para ele, é imprescindível que o país invista em proteômica, como fez em genômica, para assegurar parte de um mercado que, segundo previsões da consultoria americana Frost & Sulivan, deverá estarm movimentando US$ 5,8 bilhões em 2005.
Sousa é autor do livro "Gestão da Vida: Genoma e Pós-genoma", lançado pela Editora da UnB em parceria com a Bluhm.
De acordo com cientista, a obra se destina tanto ao público leigo, quanto à comunidade acadêmica interessada em entender como funciona o organismo, como a ciência avança na compreensão dos fenômenos biológicos, como as empresas utilizam a informação genética em negócios rentáveis e como os problemas éticos se entrelaçam com a biologia.
As informações são da Agência Brasil.
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