Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/03/2001 - 03h26

Computador da Mir está pronto para a manobra, diz Rússia

da Folha de S.Paulo

A equipe do Centro de Controle de Vôos Espaciais da Rússia "telefonou" ontem para a estação Mir, a fim de se certificar de que os computadores do complexo e da nave Progress -responsável pela manobra que deve acelerar a derrubada- estejam operando.

O equipamento será crucial para o sucesso da missão de dar fim à estrutura de 15 anos, afundando-a no oceano Pacífico, em uma área entre a Nova Zelândia e o Chile (veja mapa à esquerda), na quinta-feira -talvez um dia antes ou um dia depois, dependendo das condições meteorológicas.

Os controladores russos afirmam que tudo está em ordem para a manobra. O complexo perde atualmente cerca de 2,5 km de altitude por dia, graças ao arrasto atmosférico (atrito gerado pelo contato com as camadas
superiores de ar, que reduz a velocidade do objeto em órbita). Ontem a estação estava a 236 km da Terra. A altitude crítica para a manobra fica na casa dos 220 km.

Após o disparo da Progress, levará cerca de 45 minutos para que os destroços cheguem à superfície. Os russos esperam que os restos da estrutura -cerca de 40 toneladas, de um total de 140- caiam longe de regiões habitadas.

Embora o procedimento já esteja bem testado com a reentrada de naves como a Progress, não há muita experiência com a derrubada de objetos maiores -e as poucas que existem não são boas.

A antecessora da Mir, a estação Salyut-7, foi derrubada pela Rússia em 1991. O destino de suas 40 toneladas era o mesmo da Mir, uma área remota do Pacífico Sul. Acabou caindo sobre a cordilheira dos Andes, na América do Sul.

A diferença é que a Salyut não contava com impulso extra para controlar sua descida. "Ela voltou à atmosfera sem qualquer manobra de freada, apenas pelo arrasto atmosférico", disse à Folha Alexander Sukhanov, pesquisador da Academia de Ciências da Rússia. O cientista está no Brasil, trabalhando no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Apreensão internacional
Levando em conta os precedentes, não é difícil de entender por que os países da região estão de prontidão para acompanhar a derrubada. A Austrália decidiu não depender apenas das informações liberadas pelos russos e montou uma equipe de especialistas para monitorar a reentrada.

O Chile vai interromper vôos sobre a região no dia da queda. A Nova Zelândia instruirá embarcações e aeronaves para que evitem o local no horário decisivo.

O Japão foi ainda mais radical. O governo está recomendando aos habitantes da ilha de Okinawa que não saiam de casa durante a derrubada. "Embora a chance da queda de objetos seja baixa, recomendaremos aos residentes que fiquem dentro de construções o máximo possível", informou um porta-voz do governo japonês.

Para os russos, a reação se mostra exagerada. Quando questionado se há necessidade de tais precauções, Sukhanov foi categórico: "Tenho certeza de que não".

A Rússia também não aprova o "oba-oba" sobre a derrubada da estação que está sendo feito nos EUA. Uma empresa da Califórnia fretou um avião para levar curiosos até a região da queda da Mir, contrariando recomendações de não sobrevoar a área.

"Essas pessoas parecem ser impulsionadas por um espírito de aventura, mas nós não recomendaríamos que elas fossem lá", diz Yuri Koptev, diretor da Rosaviakosmos (agência espacial russa).

Além disso, há moradores de países da região que torcem para que a Mir caia em seu território. Tonga, uma pequena ilha no Pacífico, ainda não tomou posição oficial, mas Kik Velt, um astrônomo amador tonganês, vê com otimismo a chance de que um pedaço da estação se espatife por lá. "Se caísse em Tonga, poderíamos pedir uma compensação e ganhar muito mais do que Tonga já ganhou em muitos anos somados."
(SALVADOR NOGUEIRA)
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página