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27/03/2001
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02h31
enviada da Folha a Angra dos Reis
O próximo genoma a ser enfrentado por cientistas de São Paulo será o do verme Schistosoma mansoni, causador da doença esquistossomose. O anúncio foi feito pelo diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), José Fernando Perez, na abertura do Primeiro Congresso Internacional de Genômica, que começou ontem em Angra dos Reis.
Sequenciar um genoma é transcrever na ordem certa todas as "letras" do DNA da espécie, nas quais estão contidas as instruções para formar um organismo. O genoma do esquistossoma, causador da esquistossomose (doença que atinge cerca de 10 milhões de brasileiros), tem 300 milhões de "letras" químicas e é dividido em oito cromossomos.
Não será o genoma completo do parasita que vai ser sequenciado. Os pesquisadores irão atrás somente dos fragmentos dos genes que estão ativos no organismo. Esses genes são os que contêm a "mensagem" para que o esquistossoma produza proteínas, por exemplo as responsáveis pela infecção no homem.
Segundo Sérgio Verjovski de Almeida, do Instituto de Química da USP, coordenador do projeto, o objetivo da pesquisa será chegar a uma droga ou vacina de DNA contra o parasita.
"Usaremos os dados gerados pelo sequenciamento do genoma para ir atrás das ESTs (sequências relacionadas com genes ativos)", afirmou Almeida.
A previsão do pesquisador é que num período de 12 a 18 meses sejam produzidas cerca de 120 mil ESTs. "Já fizemos um pequeno projeto-piloto e estamos com 3.000 sequências. Nesse um ano e meio, deveremos ter condições de escolher os genes-alvo para a produção de drogas."
De acordo com Almeida, um dos objetivos é concentrar o foco nos estágios do parasita para os quais ainda existe pouca informação. "Um deles é a cercária, que justamente é o parasita no estágio que passa do caramujo para o pé do homem", explica.
O sequenciamento do esquistossoma será feito por sete laboratórios da rede Onsa: 4 da USP, 1 da Unicamp, 1 do Instituto Butantan e 1 do Instituto Ludwig. Os investimentos previstos são da ordem de US$ 850 mil.
O esquistossoma penetra pela pele, fica alojado na veia porta, a partir da qual suas larvas caem na circulação sanguínea (veja quadro). O bloqueio de artérias e veias pode levar à insuficiência hepática e à desnutrição.
Nordeste e Centro-Oeste são as regiões do país mais afetadas pela doença. O praziquantel, única droga disponível para tratamento, já perde eficácia diante de formas resistentes do parasita.
Na França, um grupo financiado pelo consórcio Genoscope começou o sequenciamento do cromossomo 3. Nesse caso, os dados do sequenciamento não abrangerão apenas genes, mas também todo o DNA que não contém receitas para fabricar proteínas.
Nobel
Na abertura da conferência, Walter Gilbert, Prêmio Nobel de Química de 1980, disse que, se hoje as atenções estão voltadas para a genômica, o amanhã pertence à proteômica (análise de proteínas). Mas as dificuldades para pesquisar em larga escala as proteínas são bem maiores, pois não basta saber suas sequências. É preciso conhecer suas estruturas e as interações entre elas.
"O sequenciamento de DNA é muito direto. Você começa num ponto e acaba no outro. Já identificar genes é outra história. O grau de dificuldade vai aumentando, até chegar às proteínas", afirmou.
Fapesp vai sequenciar genoma de verme da esquistossomose
ISABEL GERHARDTenviada da Folha a Angra dos Reis
O próximo genoma a ser enfrentado por cientistas de São Paulo será o do verme Schistosoma mansoni, causador da doença esquistossomose. O anúncio foi feito pelo diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), José Fernando Perez, na abertura do Primeiro Congresso Internacional de Genômica, que começou ontem em Angra dos Reis.
Sequenciar um genoma é transcrever na ordem certa todas as "letras" do DNA da espécie, nas quais estão contidas as instruções para formar um organismo. O genoma do esquistossoma, causador da esquistossomose (doença que atinge cerca de 10 milhões de brasileiros), tem 300 milhões de "letras" químicas e é dividido em oito cromossomos.
Não será o genoma completo do parasita que vai ser sequenciado. Os pesquisadores irão atrás somente dos fragmentos dos genes que estão ativos no organismo. Esses genes são os que contêm a "mensagem" para que o esquistossoma produza proteínas, por exemplo as responsáveis pela infecção no homem.
Segundo Sérgio Verjovski de Almeida, do Instituto de Química da USP, coordenador do projeto, o objetivo da pesquisa será chegar a uma droga ou vacina de DNA contra o parasita.
"Usaremos os dados gerados pelo sequenciamento do genoma para ir atrás das ESTs (sequências relacionadas com genes ativos)", afirmou Almeida.
A previsão do pesquisador é que num período de 12 a 18 meses sejam produzidas cerca de 120 mil ESTs. "Já fizemos um pequeno projeto-piloto e estamos com 3.000 sequências. Nesse um ano e meio, deveremos ter condições de escolher os genes-alvo para a produção de drogas."
De acordo com Almeida, um dos objetivos é concentrar o foco nos estágios do parasita para os quais ainda existe pouca informação. "Um deles é a cercária, que justamente é o parasita no estágio que passa do caramujo para o pé do homem", explica.
O sequenciamento do esquistossoma será feito por sete laboratórios da rede Onsa: 4 da USP, 1 da Unicamp, 1 do Instituto Butantan e 1 do Instituto Ludwig. Os investimentos previstos são da ordem de US$ 850 mil.
O esquistossoma penetra pela pele, fica alojado na veia porta, a partir da qual suas larvas caem na circulação sanguínea (veja quadro). O bloqueio de artérias e veias pode levar à insuficiência hepática e à desnutrição.
Nordeste e Centro-Oeste são as regiões do país mais afetadas pela doença. O praziquantel, única droga disponível para tratamento, já perde eficácia diante de formas resistentes do parasita.
Na França, um grupo financiado pelo consórcio Genoscope começou o sequenciamento do cromossomo 3. Nesse caso, os dados do sequenciamento não abrangerão apenas genes, mas também todo o DNA que não contém receitas para fabricar proteínas.
Nobel
Na abertura da conferência, Walter Gilbert, Prêmio Nobel de Química de 1980, disse que, se hoje as atenções estão voltadas para a genômica, o amanhã pertence à proteômica (análise de proteínas). Mas as dificuldades para pesquisar em larga escala as proteínas são bem maiores, pois não basta saber suas sequências. É preciso conhecer suas estruturas e as interações entre elas.
"O sequenciamento de DNA é muito direto. Você começa num ponto e acaba no outro. Já identificar genes é outra história. O grau de dificuldade vai aumentando, até chegar às proteínas", afirmou.
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