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27/12/2007 - 10h55

Estudo da Aids completa 20 anos no Brasil

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GIOVANA GIRARDI
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Neste mês, o país completou 20 anos de pesquisas sobre o HIV. Em dezembro de 1987, pesquisadores brasileiros conseguiram pela primeira vez isolar o vírus, em meio a uma epidemia que já tinha atingido 2.775 pessoas em apenas cinco anos e prometia se transformar em uma catástrofe nacional.

O trabalho foi estratégico para que cientistas pudessem saber quais medicamentos seriam melhores contra os tipos do vírus que circulavam no país.

O ano de 1987 também foi marcado pela lei que tornou obrigatório o teste de HIV para doação de sangue --último capítulo de uma investida que desbaratou uma rede de bancos de sangue ilegais. Trabalhando num ambulatório na Arquidiocese do Rio, o imunologista Luiz Roberto Castello-Branco, hoje no Instituto Oswaldo Cruz, viu que muitos moradores de rua da região estavam infectados, mesmo não sendo dos então chamados "grupos de risco": homossexuais, viciados em drogas e prostitutas.

Entrevistando cem voluntários, ele e sua equipe descobriram que 70% deles vendiam seu sangue para bancos ilegais em média uma vez por semana. O tempo considerado seguro entre uma doação e outra é de três a quatro meses.

"Esses dados eram só o início de uma série de barbaridades que aconteciam. Descobrimos que os indivíduos tinham várias infecções em taxas muito superiores ao esperado", conta Castello-Branco. Uma das coisas que aconteciam é que, logo após retirar o sangue, os funcionários do banco injetavam de volta um concentrado de hemácias para que os "doadores" não tivessem anemia. Mas eles não recebiam suas próprias células. "Era uma papa de hemácias velhas, provavelmente de outros indivíduos, muitas vezes contaminadas." Os moradores de rua, então, contraiam HIV.

Os cientistas participaram, por fim, da descoberta da origem dos bancos ilegais. "Começou com gente que perdia dinheiro em cassinos de bicheiros do Rio e vendia sangue para continuar jogando", diz.

 

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