Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
27/09/2000 - 15h34

Sono revela condições de saúde de idosos

da Folha Online

Cochilar um pouco não é sinal de problema de saúde para um idoso, mas se essas sonecas passarem do limite, pode ser um indício de que algo não vai bem com seu estado físico ou psicológico.

Durante muito tempo achou-se que a fragmentação do sono de um idoso, ou seja, o "sono picado", era causada pela degeneração das estruturas do cérebro responsáveis pelo controle dos ritmos biológicos, os chamados "relógios biológicos".

Porém, uma pesquisa orientada pelo professor Luiz Menna-Barreto, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (Universidade de São Paulo), sugere que idosos saudáveis e ativos, que conservam um bom relacionamento social mantêm, mesmo em idade avançada, o mesmo padrão de sono que tiveram durante a vida adulta.

A pesquisa orientada por Menna-Barreto foi apresentada pela enfermeira Filomena Ceolim na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Em sua tese de doutorado, ela estudou idosos sadios do Grupo da Terceira Idade do Sesc de Campinas, medindo as ocorrências de sono dia após dia por meio do actígrafo, um aparelho de pulso que registra a atividade motora e permite inferir as ocorrências de sono.

"Nossa dúvida era se esse padrão mais fragmentado era uma característica intrínseca ao avanço da idade ou se estaria associado a algum estado de sofrimento", afirma Menna-Barreto.

"Uma das hipóteses a ser verificada era que, se a fragmentação do sono era uma decorrência normal do envelhecimento, então, quanto mais idoso, maior deveria ser a fragmentação", diz.

Sono fragmentado

Ele afirma que mais de dois episódios por dia podem ser chamados de "sono fragmentado", independente da duração.

No entanto, o que o grupo pôde constatar foi que a fragmentação do sono não é uma característica intrínseca dos idosos, mas provavelmente está relacionada a efeitos secundários de doenças características da terceira idade, ao abandono social e à falta de motivação em geral.

"Dores em geral interferem no sono, superficializando-o ou mesmo inibindo-o. Distúrbios respiratórios são causas freqüentes de problemas no sono", explica.

"Em deprimidos freqüentemente são encontradas alterações na arquitetura do sono, ou seja, na seqüência de fases mais superficiais e profundas em uma noite de sono".

Quanto ao hábito da sesta, Menna-Barreto afirma que não é sinal de desorganização temporal e que não pode ser considerada sono fragmentado.

"O que parece ser normal é uma tendência ao sono no início da tarde. Algumas pessoas dormem regularmente após o almoço, outras não", diz.

Sofrimento

Na pesquisa, tanto os idosos que cochilavam quanto os que não cochilavam tinham uma vida bastante satisfatória.

"Nossos resultados mostram idosos que dormem e outros que não dormem, até onde sabemos, sem relação com a idade mais ou menos avançada", afirma o pesquisador.

Alguns podem não sentir necessidade de fazer uma sesta quando jovens, mas podem passar a fazê-la quando não têm mais compromissos.

"No entanto, quando um idoso começa a fragmentar demais o sono ele deve, antes de mais nada, avaliar se isso não é conseqüência de algum estado de sofrimento", diz Menna-Barreto.

"Mas tanto quanto a dor física, a dor da alma também tem efeitos negativos sobre o sono, já que a falta de motivação que acompanha os quadros depressivos pode comprometer a sincronicidade dos relógios biológicos com os ciclos ambientais".

Para o idoso que sofre de sono fragmentado, o pesquisador afirma que já há tratamentos em teste, como mudanças de hábito e exercícios. Recentemente passou-se a utilizar também banhos de luz e uso de hormônios (melatonina, que sinaliza a ocorrência da noite e do dia).

"Não há consenso científico sobre esses procedimentos, embora seja geralmente aceito que medidas que promovam regularidade de hábitos sejam acompanhadas de melhorias na qualidade do sono", informa o professor.

As informações são da Agência USP.

Leia mais notícias de ciência na Folha Online
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página