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14/05/2001 - 19h54

Arqueólogo descobre sistema primitivo de escrita na Ásia

da AP, em Nova York

Um arqueólogo descobriu que uma civilização asiática usava uma forma primitiva de linguagem escrita há mais de 4.000 anos. As evidências foram encontradas na região que hoje abriga as ex-repúblicas soviéticas Turcomenistão e Uzbequistão.

Escavações feitas quando a União Soviética ainda existia já insinuavam isso, mas foi no mês passado que o arqueólogo Fredrik Hiebert, da Universidade de Pennsylvania (USA), encontrou um pequeno objeto de pedra com quatro ou cinco símbolos grafados em vermelho.

Hiebert estudou na região os indícios de características urbanas, como construções grandes e arcos monumentais. Segundo ele o único elemento que faltava para classificar esse povo ancestral como uma civilização era a escrita.

Como ainda não se sabe o verdadeiro nome da civilização, os arqueólogos deram às ruínas o nome de Complexo Arqueológico de Bactria Margiana, usando os nomes gregos para as terras da região.

Hiebert fez sua descoberta em junho, nas ruínas de Annau, no Turcomenistão. A peça encontrada foi descrita no sábado em uma conferência sobre linguagem e arqueologia na Universidade Harvard, nos EUA.

O cientista acredita que o objeto feito de antracite (carvão mineral) seja uma espécie de carimbo com um símbolo. "É a primeira evidência que teríamos de uma sociedade letrada na Ásia central", diz.

Outros arqueólogos disseram que os símbolos encontrados são diferentes de formas de escrita de outras regiões, encontradas à mesma época na Mesopotâmia, Irã e no vale do rio Indo.

Carimbos eram bastante usados no comércio da antiguidade para imprimir em recipientes o nome de seu proprietário ou o tipo de mercadoria que continham.

O artefato é datado de 2300 a.C., quando as pirâmides do Egito já estavam erguidas havia séculos, os babilônios estavam sobrepujando os sumérios na Mesopotâmia, e os chineses ainda não tinham criado sua escrita.

Segundo Victor Meir, especialista em línguas asiáticas da Universidade de Pennsylvania, alguns dos símbolos no carimbo lembram a escrita chinesa, cujos primeiros indícios datam de séculos mais tarde.

As dúzias de ruínas da civilização desconhecida se estendem do leste de Annau, passam pelo deserto de Kara-Kum, vão até o Usbequistão e, talvez, norte do Afeganistão.

A área é uma faixa com cerca de 550 km de comprimento por 80 km de largura.

Segundo Hiebert, ainda não é possível dizer se os símbolos no carimbo pertencem a uma língua escrita ou um sistema de pré-escrita. "Uma peça de evidência é muito pouco, mas possui enormes implicações", diz.
 

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