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28/09/2000
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05h07
Você está num cinema lotado quando surge um incêndio. As pessoas começam a correr. Numa das saídas, há uma coluna quase na frente da porta. Você a evita, em busca de outra mais desimpedida -decisão errada, segundo estudo que simula o comportamento de multidões.
Na verdade, a coluna pode facilitar a saída e diminuir o número de feridos. Esse é um dos resultados de trabalho publicado na revista "Nature" de hoje. Numa das simulações, o número de pessoas que consegue escapar da sala nos primeiros 45 segundos aumentou de 44, sem coluna, para 72, com ela.
"A coluna impede que a pressão seja toda acumulada na porta. As pessoas acabam empurrando a coluna, diminuindo empurrões entre si", diz Tamás Vicsek, da Universidade Eötvös, Hungria.
O melhor resultado ocorre quando a coluna está um pouco afastada da porta e não exatamente em frente dela. "Nesse caso, o número de pessoas que vêm de um lado é diferente do que vêm do outro, reduzindo os choques."
O teste foi feito com um grupo de 200 "pessoas" (pontos no computador) em uma sala de 225 m2, com uma porta de 1 m de largura.
Em outra simulação, calculou-se a velocidade que cada um deveria ter (supondo a mesma para todos) a fim de permitir a saída do grupo da sala sem coluna, o mais rapidamente possível. O menor tempo para que todos saíssem foi alcançado quando cada um se moveu a 1,5 m/s rumo à porta.
Se eles se movessem mais rapidamente, o tempo de saída voltaria a crescer devido ao atrito com os outros e com a parede.
Na terceira simulação, foram incluídos aspectos psicológicos. Colocaram-se 90 indivíduos em uma sala em chamas com duas portas de saída, escondidas pela fumaça, cada uma com 1,5 m de largura.
Os resultados mostraram que, para diminuir o número de mortos, a ação ideal seria uma mistura de comportamento individualista (buscar uma porta por si mesmo) e coletivo (seguir os outros).
Modelagens anteriores, que concebiam as pessoas como partículas sem vontade própria, concluíam que os indivíduos saíam igualmente pelas duas portas, como um fluido. Na prática, a maioria sai por uma só porta.
"Estádios e cinemas poderiam ter portas antipânico e corredores que se alargam à medida que se dirigem à saída. O que não podem ter são corredores largos no meio e estreitos nas pontas", afirma Dirk Helbing, professor da Universidade de Tecnologia de Dresden, Alemanha, autor do estudo com Vicsek e Illés Farkas.
Leia mais notícias de ciência na Folha Online
Obstáculo "organiza" o pânico da multidão
LUCIANO GRÜDTNER BURATTO, da Folha de S.PauloVocê está num cinema lotado quando surge um incêndio. As pessoas começam a correr. Numa das saídas, há uma coluna quase na frente da porta. Você a evita, em busca de outra mais desimpedida -decisão errada, segundo estudo que simula o comportamento de multidões.
Na verdade, a coluna pode facilitar a saída e diminuir o número de feridos. Esse é um dos resultados de trabalho publicado na revista "Nature" de hoje. Numa das simulações, o número de pessoas que consegue escapar da sala nos primeiros 45 segundos aumentou de 44, sem coluna, para 72, com ela.
"A coluna impede que a pressão seja toda acumulada na porta. As pessoas acabam empurrando a coluna, diminuindo empurrões entre si", diz Tamás Vicsek, da Universidade Eötvös, Hungria.
O melhor resultado ocorre quando a coluna está um pouco afastada da porta e não exatamente em frente dela. "Nesse caso, o número de pessoas que vêm de um lado é diferente do que vêm do outro, reduzindo os choques."
O teste foi feito com um grupo de 200 "pessoas" (pontos no computador) em uma sala de 225 m2, com uma porta de 1 m de largura.
Em outra simulação, calculou-se a velocidade que cada um deveria ter (supondo a mesma para todos) a fim de permitir a saída do grupo da sala sem coluna, o mais rapidamente possível. O menor tempo para que todos saíssem foi alcançado quando cada um se moveu a 1,5 m/s rumo à porta.
Se eles se movessem mais rapidamente, o tempo de saída voltaria a crescer devido ao atrito com os outros e com a parede.
Na terceira simulação, foram incluídos aspectos psicológicos. Colocaram-se 90 indivíduos em uma sala em chamas com duas portas de saída, escondidas pela fumaça, cada uma com 1,5 m de largura.
Os resultados mostraram que, para diminuir o número de mortos, a ação ideal seria uma mistura de comportamento individualista (buscar uma porta por si mesmo) e coletivo (seguir os outros).
Modelagens anteriores, que concebiam as pessoas como partículas sem vontade própria, concluíam que os indivíduos saíam igualmente pelas duas portas, como um fluido. Na prática, a maioria sai por uma só porta.
"Estádios e cinemas poderiam ter portas antipânico e corredores que se alargam à medida que se dirigem à saída. O que não podem ter são corredores largos no meio e estreitos nas pontas", afirma Dirk Helbing, professor da Universidade de Tecnologia de Dresden, Alemanha, autor do estudo com Vicsek e Illés Farkas.
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