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23/05/2001
-
19h51
da Folha de S.Paulo
Plutão, o guardião do inferno da mitologia romana, está sendo ameaçado por um deus hindu. O último planeta _ou quase_ do Sistema Solar tem sua posição mais uma vez abalada por uma faixa de asteróides semidesconhecida que fica depois da órbita de Netuno, o cinturão de Kuiper.
Plutão, que fica nessa faixa, oscila entre o status de planeta e o de asteróide. Um planeta deve orbitar uma estrela, ter gravidade suficiente para ser esférico e possuir um valor mínimo de massa. Plutão é considerado café-com-leite pela excentricidade de sua órbita e por suas pequenas dimensões.
A ameaça vem do asteróide Varuna, descoberto no ano passado no cinturão de Kuiper (em holandês, pronuncia-se "câiper") e nomeado em homenagem a um deus hindu. Em trabalho publicado na revista "Nature" (www.nature. com), a equipe do astrônomo David Jewitt mostrou que Varuna tem 40% do diâmetro de Plutão.
Varuna tem 900 km de diâmetro e reflete 70% da luz do Sol que atinge sua superfície _mais escura que a de Plutão por não ser recoberta de gelo, como o vizinho.
"Até aqui, esse é o único objeto do cinturão, além de Plutão e sua lua, grande o suficiente para que seu calor fosse medido precisamente com os meios disponíveis", disse Jewitt à Folha.
Segundo o astrônomo, é mera questão de tempo até encontrar outros corpos _estima-se entre 5 e 10_ do mesmo tamanho, ou até maiores, na região.
A distância do cinturão de Kuiper, que fica entre 4,5 e 7,5 bilhões de quilômetros (de 30 a 50 UA) do Sol, dificulta a observação dos corpos que o compõem. Para tanto, os pesquisadores do Instituto Astronômico da Universidade do Havaí puseram em ação o telescópio submilimétrico "mais sensível do mundo", o de Mauna Kea.
Com o aparecimento de outros asteróides de grandes dimensões, o debate em torno do status de Plutão poderá esquentar novamente. "A União Astronômica Internacional decidiu que Plutão é um planeta, porque ele foi classificado desse modo quando sua existência foi confirmada por Clyde Tombaugh", conta Enos Picazzio, do Instituto de Astronomia e Geociências da USP.
David Jewitt discorda: "É mais útil encarar Plutão como um objeto grande do cinturão de Kuiper". Isso faria mais sentido na compreensão da formação do Sistema Solar, explica.
Acredita-se que o cinturão, previsto pelo astrônomo Gerard Peter Kuiper na década de 50, seja remanescente da nuvem de gás e pó que originou o Sistema Solar.
Asteróide ameaça status de planeta de Plutão
FLAVIA NATÉRCIAda Folha de S.Paulo
Plutão, o guardião do inferno da mitologia romana, está sendo ameaçado por um deus hindu. O último planeta _ou quase_ do Sistema Solar tem sua posição mais uma vez abalada por uma faixa de asteróides semidesconhecida que fica depois da órbita de Netuno, o cinturão de Kuiper.
Plutão, que fica nessa faixa, oscila entre o status de planeta e o de asteróide. Um planeta deve orbitar uma estrela, ter gravidade suficiente para ser esférico e possuir um valor mínimo de massa. Plutão é considerado café-com-leite pela excentricidade de sua órbita e por suas pequenas dimensões.
A ameaça vem do asteróide Varuna, descoberto no ano passado no cinturão de Kuiper (em holandês, pronuncia-se "câiper") e nomeado em homenagem a um deus hindu. Em trabalho publicado na revista "Nature" (www.nature. com), a equipe do astrônomo David Jewitt mostrou que Varuna tem 40% do diâmetro de Plutão.
Varuna tem 900 km de diâmetro e reflete 70% da luz do Sol que atinge sua superfície _mais escura que a de Plutão por não ser recoberta de gelo, como o vizinho.
"Até aqui, esse é o único objeto do cinturão, além de Plutão e sua lua, grande o suficiente para que seu calor fosse medido precisamente com os meios disponíveis", disse Jewitt à Folha.
Segundo o astrônomo, é mera questão de tempo até encontrar outros corpos _estima-se entre 5 e 10_ do mesmo tamanho, ou até maiores, na região.
A distância do cinturão de Kuiper, que fica entre 4,5 e 7,5 bilhões de quilômetros (de 30 a 50 UA) do Sol, dificulta a observação dos corpos que o compõem. Para tanto, os pesquisadores do Instituto Astronômico da Universidade do Havaí puseram em ação o telescópio submilimétrico "mais sensível do mundo", o de Mauna Kea.
Com o aparecimento de outros asteróides de grandes dimensões, o debate em torno do status de Plutão poderá esquentar novamente. "A União Astronômica Internacional decidiu que Plutão é um planeta, porque ele foi classificado desse modo quando sua existência foi confirmada por Clyde Tombaugh", conta Enos Picazzio, do Instituto de Astronomia e Geociências da USP.
David Jewitt discorda: "É mais útil encarar Plutão como um objeto grande do cinturão de Kuiper". Isso faria mais sentido na compreensão da formação do Sistema Solar, explica.
Acredita-se que o cinturão, previsto pelo astrônomo Gerard Peter Kuiper na década de 50, seja remanescente da nuvem de gás e pó que originou o Sistema Solar.
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